A fauna do mercado
Neste safari cotidiano dos mercados, convivemos com figuras exóticas e sujeitos peculiares todo santo dia. Fauna das mais variadas.
A Bolsa está sempre tentando encontrar um equilíbrio entre os touros (que apostam na alta do mercado, em referência ao ataque do touro, de baixo para cima) e os ursos (apostam na baixa). Ao mesmo tempo, tenta não se distrair com alguns micos que sempre aparecem em ações, ou com as informações desencontradas do Lobão...
Por sua vez, a política monetária alterna as decisões relativas ao controle de liquidez do sistema entre falcões e pombos.
Os pombos (dovish), pacifistas, dão menos peso aos impactos da inflação e preferem uma política de juros mais baixos de forma a promover o crescimento. Já os falcões (hawkish), tinhosos, costumam defender uma política de juros mais elevados e, para a versão tupiniquim, maior controle de capitais.
Aqui na Empiricus temos um lobo acompanhando as ações de incorporadoras imobiliárias (que não é o de Wall Street), uma gata cobrindo o setor elétrico e uma morsa responsável pelos fundos imobiliários. Curiosidade: um desses três elementos carrega um escorpião no bolso.
O verdadeiro Falcão
No safari da corrida eleitoral também deparamos algumas figuras exóticas.
Rui Falcão, presidente nacional do PT (o quarto da esquerda para a direita), manifestou apoio a um controle de capital rigoroso e sugeriu ser contra a autonomia do Bacen: “não pode ser um banco que formule a política econômica do país”. “Presidente do Banco Central não é eleito pela população".
Bom, se havia qualquer esforço do governo para recuperar a credibilidade da política monetária e tentar se reaproximar do mercado de capitais, o grande Falcão da política monetária já deixou a sua contribuição...
Agora, política monetária à parte, todos sabemos que Falcão só existe um. Este?
Não. O Paulo Roberto.
Voe com os falcões
Quem predomina no Banco Central brasileiro hoje, o pombo ou o falcão? Bom, além da baixa autonomia da “autoridade monetária”, podemos nos gabar de controle de capitais rígido e do maior juro real do mundo. Melhor do que se gabar, é se aproveitar.
Pra que correr riscos desnecessários se temos a oportunidade de ter mais de 6,5% ao ano de rendimento descontada a inflação (ou, mais de 12% de juro nominal)? Você não encontrará retorno desses com esse perfil (baixo) de risco em nenhum outro lugar do mundo.
Sim, atualmente a renda fixa oferece opções muito atrativas - não há novidade nisso.
A grande questão é saber olhar a parcela de renda fixa não isoladamente, e sim como uma parte de um portfólio balanceado. Deixar a maior parte do portfólio em pouquíssimo risco (esse é o papel da renda fixa) e procurar um pouco mais de risco (e a contrapartida óbvia de maior retorno) numa pequena parcela destinada a ativos de grande risco. É o que você encontrará na Carteira Empiricus.
Pense bem (e não caia no conto do banco médio)
O fundo DI do seu banco, nos próximos doze meses, deve render cerca de 11% bruto. É possivelmente a forma mais fácil de você ficar líquido sem recorrer às mazelas da caderneta de poupança (que lhe renderá menos do que a inflação).
Mas, perá lá! Você tem duas opções: comprar um CDB do Banco Itaú (qualquer outro grande) a 95% do CDI ou o mesmo produto de um banco médio qualquer, a 110% do CDI. Qual você escolhe?
Ambas têm garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), mas mesmo a garantia do FGC tem limite, envolve uma porção de burocracia, lhe dá dor de cabeça e pode não cumprir as ofertas de determinada corretora. E, na ponta do lápis, descontando a taxa de administração, a alíquota de IR, quanto você efetivamente terá a mais para incorrer em um maior perfil de risco?
Não assuma um risco desproporcional por conta de migalhas de rendimento. Jamais aposte dólares (corre o risco do calote) para ganhar centavos (diferencial de rendimento proveniente da realocação em favor do banco médio).
PS: esta é apenas uma de quatro ideias sobre renda fixa esmiuçadas hoje na série Criando Riqueza. Assinando hoje, você pega o relatório anterior sobre os erros cometidos no investimento em imóveis (incluindo aqui imóveis físicos propriamente ditos, fundos imobiliários e ações de incorporadoras). Na próxima edição, falaremos dos erros tradicionais cometidos em ações.
Um gole de sobriedade?
E falando em postura amigável aos mercados e à iniciativa privada, o governo cedeu e APÓS reunião com membros do setor, anunciou o adiamento do aumento de imposto sobre as bebidas, além da implementação escalonada do tributo. Reconstituição...
Anunciaram dois aumentos de imposto seguidos (no mesmo mês) sobre as bebidas. As ações da AmBev (SA:ABEV3) apanharam em resposta, mesmo AmBev tendo grande capacidade de repasse de preços, muito mais do que seus principais concorrentes.
Naturalmente, a medida poderia ajudar de alguma forma na meta de superávit primário, mas criaria mais pressão sobre os índices de inflação (e a política monetária).
O mínimo que se espera de uma política de aproximação à iniciativa privada é que se consulte ANTES os representantes do setor a respeito dos desdobramentos de próximas medidas que abrangem o seu setor.
No meio dessa bagunça toda, tentaram restringir a bebida, mas acabaram gerando um baita de um ruído (sobre as ações).
A gente se vê.
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.