Já dizia a sabedoria popular: nada é tão ruim que não possa piorar.
Pois é… depois de uma das cargas tributárias mais pesadas do planeta, agora o governo quer morder também a parte que até então era só do investidor: a renda fixa isenta.
Sim, estamos falando de LCIs, LCAs, CRIs e CRAs – justamente aqueles títulos que os investidores pessoa física aprenderam a usar para fugir (legalmente) do Imposto de Renda.
Ao longo dos últimos anos, atendendo centenas de famílias como planejadora financeira independente, vi esses papéis ocuparem um papel estratégico nas carteiras de quem valoriza previsibilidade e eficiência tributária. Justamente por isso, o fim dessa isenção não é um detalhe: é um divisor de águas.
O que está em jogo
A proposta é simples – e preocupante: acabar com a isenção de IR para esses papéis da renda fixa. Se aprovada, a partir de uma data futura (ainda não definida), os novos títulos passarão a ser tributados como qualquer outro investimento de renda fixa.
À princípio, os títulos adquiridos antes da mudança continuarão isentos até o vencimento. Ou seja, a janela está aberta – mas pode ser que não por muito tempo.
O que isso significa na prática?
Dois efeitos imediatos para o investidor:
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Maior carga tributária para a carteira como um todo e, por consequência, menos dinheiro no bolso do investidor.
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Os emissores podem até subir as taxas para compensar – mas o cálculo comparativo com outros produtos vai mudar.
Se antes, escolher a melhor LCA do dia com base na remuneração já não era uma decisão estratégica, agora – mais do que nunca – a escolha do produto precisa estar alinhada ao seu perfil de investidor, prazo e objetivo.
Minha dica? Não espere o anúncio oficial.
Na minha opinião, se o seu planejamento comporta um papel isento com vencimento alinhado aos seus objetivos, corre. O que você compra hoje, permanece isento amanhã – até o fim do título.
Porque quando o martelo faminto por arrecadação bater, os melhores papéis já terão sumido do mercado. E aí não adianta chorar por LCI derramada.