O juro da vovó não sobe mais?
Faz um tempo que os mercados esperam pelo inevitável...
Se de zero o juro não passa e a economia americana está se recuperando, o movimento natural da taxa de juros americana é para cima.
E se EUA são classificação de risco AAA e a economia mais representativa do mundo, é de se esperar que um aumento dos juros atraia o fluxo de capitais para lá.
Por outro lado... mais juros, menos estímulos...
Os investidores ao redor do mundo aguardam esse dia com apreensão. Seria um ponto final à farra de liquidez nos mercados.
Adivinha?
Janet Yellen afirmou ontem que a taxa de juros dos EUA deve subir ainda em 2015.
E hoje os mercados sobem lá fora.
Cuma?
O bode
Dia desses, alguém escreveu que “a pretensão é tamanha que chegaram a cunhar o termo ‘racionalidade perfeita’, quando sequer há racionalidade”.
Faz sentido.
Mas a reação positiva dos mercados à iminente (e aparentemente mais próxima) subida de juros nos EUA também faz sentido.
Sugere que a economia americana está se recuperando e, enfim, tira esse bode do juro americano do meio da sala.
Queime depois de ler
Enquanto a Janet ameaça apertar o botão, o maridão Akerlof lança livro junto com Robert Shiller criticando o livre mercado.
Ainda não li o dito cujo, portanto, fica apenas a nota sobre o lançamento, sem tecer maiores comentários.
Lembrando que Akerlof é aquele Nobel de artigos brilhantes, como “Market for Lemons”, sobre assimetrias de informação, hoje resumido a “marido da Yellen”.
Lembrando que Shiller é aquele Nobel de textos brilhantes, como “Irrational Exuberance”, sobre a racionalidade dos mercados, que há cinco anos fala que a bolha imobiliária brasileira vai estourar - e, portanto, está errado há cinco anos, mas ainda pode se vangloriar de ter acertado.
Olha quem saiu da toca
Ué, o aumento de juro no tio Sam não é ruim para o real em relação ao dólar?
É.
Como você bem sabe, somos economia emergente, baseada em commodities, com fundamentos fora de lugar e moeda exótica...
Embora a alta de juro nos EUA seja esperada, terá sim impactos práticos quando consumada.
Mas hoje o dólar cai fortemente ante o real. Temos as nossas jabuticabas para tal.
Alexandre Tombini, o ilustríssimo colorado presidente do Banco Central, resolveu sair da toca.
Por “sair da toca”, entenda leilões diários de títulos públicos, compromisso com manutenção da Selic e flerte com uso das reservas nacionais para segurar o escalada adicional do câmbio.
Em entrevista a O Financista, Alfredo Coutiño, da Moody’s, ressaltou que o mau uso de reservas provocaria ataque especulativo, com potencial desdobramento na necessidade de elevação adicional da taxa Selic para conter maior fuga de capitais.
Se a Moody’s está falando, certamente Levy e Tombini estão ouvindo...
Tem boi na linha?
Quem chegou primeiro
Respondendo à enquete da véspera, de quem chega primeiro a R$ 5, leitor destacou que hoje é mais caro tomar um chopp nas principais capitais brasileiras do que comprar uma ação da Petrobras (SA:PETR4).
Moral da história 1: short em Petrobras, buy AmBev.
Moral da história 2: declaro aberto o final de semana.