Ouro enfrenta pressão após topo histórico; suporte técnico imediato em foco

Publicado 09.06.2025, 13:43

Ao observar os movimentos do ouro futuro em diferentes intervalos gráficos, é possível identificar que, após o pico registrado em abril, os contratos vêm apresentando sinais de renovada volatilidade nos mercados financeiros, permanecendo sob pressão vendedora desde o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.

Sem dúvida, a onda de compras iniciada por bancos centrais globais em outubro de 2023 impulsionou os futuros do ouro até testarem os US$ 2.804 em novembro de 2024 — período em que Trump venceu as eleições presidenciais, intensificando a percepção de incerteza nos mercados. Investidores já precificavam esse cenário, considerando as promessas de Trump de conduzir políticas econômicas disruptivas sob o lema de "tornar a América grande novamente".

Após recuar até US$ 2.644 em janeiro de 2025, no início do segundo mandato de Trump, os contratos retomaram a tendência de alta e atingiram novo topo em abril, aos US$ 3.511. A escalada refletia o temor quanto ao impacto da política comercial da nova gestão, que colocou o dólar norte-americano sob pressão, dada a deterioração nas perspectivas de crescimento, inflação e condução da política monetária.

Contudo, o momento atual sugere que os contratos futuros já testaram uma faixa de preço extrema, o que esvaziou parcialmente o apelo do ouro como ativo de proteção. Com o iene japonês e o franco suíço ainda acessíveis, investidores mostram menor disposição para alocar capital no metal precioso.

É verdade que os contratos passaram por oscilações mais intensas em maio e junho, reflexo direto da fraqueza persistente do dólar americano. A revisão na composição de portfólios globais, com menor exposição à moeda dos EUA, tem colaborado para a valorização das taxas dos Treasuries de longo prazo.

Por outro lado, o desinteresse pelo ouro — ativo que não gera rendimento — ganha força em meio à atratividade crescente dos Treasuries com vencimentos mais longos.

Níveis técnicos a observar

No gráfico mensal, os topos dos últimos três meses desenham um padrão descendente com inclinação de 48 graus, sugerindo limitação para movimentos de alta. A formação de um candle exaustivo neste mês, após a forte volatilidade do mês anterior, reforça esse viés.Ouro futuro mensal

Se os contratos romperem o suporte imediato em US$ 3.313, pode haver um novo movimento vendedor mais intenso. Nesse cenário, a expectativa é de formação de um candle mensal expressivamente baixista, com possível teste do suporte seguinte em US$ 3.160.

Na hipótese contrária, qualquer impulso de alta motivado por tensões geopolíticas deve atrair novos vendedores acima da máxima mensal em US$ 3.432, com stop técnico sugerido em US$ 3.476.

Gráfico semanal

No curto prazo, os futuros do ouro tentam preservar o suporte imediato na média móvel exponencial de 9 períodos (MMD 9), desde a segunda semana de maio, após o teste da mínima em US$ 3.138 na terceira semana do mês.Ouro futuro semanal

Na primeira semana de junho, formou-se um candle de exaustão no formato de martelo, e os preços tentam se manter acima da MMD 9, atualmente em US$ 3.312. Caso o suporte ceda, a pressão vendedora pode levar os contratos a testarem a média de 20 períodos (MMD 20), em US$ 3.129.

Em contrapartida, se a fraqueza do dólar persistir, os futuros do ouro podem apresentar movimentos instáveis, pois todas as médias móveis (9, 20, 50, 100 e 200 períodos) seguem em configuração altista. No entanto, avanços nas negociações comerciais entre EUA e China podem reverter esse quadro e fortalecer o dólar, renovando a pressão negativa sobre o ouro.

Gráfico diário

Nos gráficos diários, os contratos operam abaixo da MMD 9 e tentam defender o suporte na MMD 20, atualmente em US$ 3.318. Isso evidencia a atuação de grandes vendedores nos níveis atuais.Ouro futuro diário

Caso ocorra rompimento desse suporte, o próximo nível técnico a ser testado está na MMD 50, em US$ 3.277, o que pode ocorrer em breve diante da atual pressão.


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