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O ouro voltou ao centro do tabuleiro. A onça-troy renovou máxima histórica, impulsionada por compras recordes de bancos centrais, juros em transição e tensões geopolíticas. Não é moda — é movimento estrutural: o metal já superou o euro como segundo maior ativo de reserva global, e 1 em cada 3 bancos centrais planeja aumentar a posição em ouro nos próximos anos. Em períodos de incerteza, o ouro cumpre seu papel: preservar poder de compra e dar estabilidade ao portfólio, enquanto o noticiário de riscos eleva a demanda e respinga até no preço das joias.
Para o investidor brasileiro, a B3 oferece caminhos diretos via ETFs — cada um com proposta e função específica no portfólio. O trabalho aqui é de alocação: definir o papel do ouro na sua carteira e escolher o veículo que melhor executa essa função, com custo, liquidez e tributação à vista.
O que existe hoje na B3?
• GLDX11 (Investo): replica, no Brasil, o ETF OUNZ (VanEck Merk Gold Trust), lastreado em ouro físico e negociado na NYSE Arca. Estrutura simples para exposição direta ao preço do metal, com a praticidade do home broker brasileiro.
• AURO11 (Buena Vista): dá exposição ao ouro e, por meio de covered calls, distribui proventos mensais. É o “ouro que paga aluguel” — uma inovação relevante para quem busca fluxo de caixa sem abrir mão da proteção do metal.
• GOLD11 (XP Asset): alternativa tradicional de beta do ouro, com foco em custo e simplicidade (exposição ao preço de referência do metal).
• GBTC11 (Buena Vista | Hashdex): híbrido ouro + bitcoin com alocação por risk parity (o ativo menos volátil recebe maior peso), reequilibrado periodicamente. Não é “ouro puro”, mas pode ampliar a descorrelação e o potencial de retorno com controle de risco dinâmico.
O pano de fundo favorece a classe: demanda de bancos centrais, dúvidas sobre o papel do dólar e um ambiente de riscos que mantém a busca por porto seguro. O ouro não promete riqueza rápida; oferece tempo e resiliência ao portfólio.
Pontos fortes e pontos de atenção
GLDX11 — Exposição direta ao ouro físico
• Características
o Exposição simples ao preço do ouro (lastro físico via OUNZ), com governança e auditorias recorrentes internacionais.
o Estrutura conhecida globalmente; praticidade de negociar na B3 e custodiar no Brasil.
o Não paga proventos (ouro não gera renda); retorno depende da valorização do metal e do câmbio USD/BRL.
AURO11 — Ouro com renda (covered calls)
• Características
o Distribuição mensal de proventos ao transformar a volatilidade do ouro em fluxo (meta de dividend yield divulgada: 1%–1,2% a.m., não garantida).
o Mantém a proteção do ouro, oferecendo previsibilidade de caixa em um ativo tipicamente “mudo”.
o Em altas fortes do ouro, a estratégia pode limitar parte do upside por conta das calls vendidas.
GOLD11 — Primeiro ETF de ouro da B3
• Características
o Simplicidade, custo competitivo e aderência ao preço de referência do metal.
o Bom “núcleo” de proteção para carteiras de longo prazo.
o Sem componente tático/defensivo adicional (como opções) para suavizar oscilações.
GBTC11 — Ouro + Bitcoin com risk parity
• Características
o Diversificação alternativa somando reserva tradicional (ouro) e digital (bitcoin), com pesos ajustados pela volatilidade (modelo de controle de risco).
o Baixa correlação estrutural com ativos brasileiros, potencialmente melhorando o perfil risco/retorno da carteira.
o Volatilidade maior que ETFs 100% ouro; exige tolerância a oscilações e horizonte adequado.
Tensão geopolítica, juros reais em transição e compras recordes de bancos centrais criam um vento de cauda estrutural para o ouro. O investidor escolhe o “formato” — proteção pura, renda, custo baixo ou alternativa com cripto — de acordo com o objetivo que quer cumprir no portfólio.
Quando usar cada um (alocação por objetivo)
• Proteção patrimonial de longo prazo (núcleo defensivo)
o GLDX11 ou GOLD11.
o Por quê: beta limpo do ouro, simplicidade e custo. Ideal como “seguro silencioso” que amortece choques e preserva poder de compra em cenários de inflação e estresse global.
• Renda mensal com proteção real
o AURO11.
o Por quê: fluxo de proventos mensais sem abrir mão da âncora do ouro. Bom para quem prioriza previsibilidade de caixa e aceita limitar parte do upside do metal.
• Diversificação alternativa com bitcoin (reserva de valor mundo físico + reserva de valor mundo digital)
o GBTC11 (par ouro + bitcoin com risk parity).
o Por quê: amplifica a descorrelação e adiciona opcionalidade de crescimento com controle de contribuição de risco por volatilidade. Indicado para satélite tático ou parcela de maior risco da carteira.
• Mix equilibrado de proteção e renda
o Preferência: GLDX11/GOLD11 (núcleo) + AURO11 (satélite de renda).
o Por quê: combina estabilidade do beta puro do ouro com fluxo mensal, sem abrir mão da função defensiva estrutural.
Faixas de referência (para carteiras diversificadas de longo prazo): como satélite defensivo, 5%–10% costuma ser um bom ponto de partida; como “núcleo de proteção” mais robusto, 10%–15% pode fazer sentido em perfis que valorizam forte resiliência. Ajuste sempre ao horizonte, liquidez e tolerância a risco.
O que está movendo o ouro agora?
• Recordes de preço em meio a juros em transição, dívida elevada e busca por porto seguro.
• Bancos centrais continuam comprando: 40% indicam ampliar ouro na próxima década; 1 em 3 deve aumentar já em 1–2 anos.
• O ouro superou o euro nas reservas globais (20% vs. 16%), sinal de realinhamento estrutural no sistema de reservas.
• Tensões e incertezas elevam a demanda — e os preços — em toda a cadeia, das barras às joias, reforçando a função de proteção real do metal.
Conclusão
Mercado de ETFs segue bastante aquecido em 2025 e para o investidor que deseja buscar alocação em ouro é possível encontrar veículos (com e sem dividendos) para acessar esse segmento. Uma forma simples, transparente e que facilita a vida do investidor.