Meu filho completa dois anos hoje. O aniversário do JP, que não é o Morgan (na minha opinião imparcialíssima, é muito melhor), me deixa introspectivo e emotivo. Faz lembrar da primeira lição financeira, trazida pelo meu pai: “Filho, guarde esta nota de um dólar na carteira. Muitos outros virão a partir deste. Vai lhe trazer sorte.”
George Washington anda comigo há 25 anos – não consigo entender como passou todo esse tempo e ele mantém a mesma cara. Ainda é um homem solitário. Acho que demora 30 para a profecia do meu falecido pai se realizar.
Fui aprender no mestrado, feito em prêmio pelo risco cambial sob orientação do professor Paulo Tenani, que, de fato, faz sentido manter uns dólares em carteira. Nem tanto por superstição – embora eu tenha, ao longo do processo de defesa de tese, recorrido a técnicas heterodoxas para uma forcinha extra. O dólar deve fazer parte de seu portfólio ao menos como estratégia de hedge de seu padrão de consumo, que encontra bens e serviços denominados na moeda norte-americana.
Dada a qualidade do orientando, é provável que o professor Tenani se envergonhe da condição de orientador, mas ele me ensinou algo importante: o real é uma moeda exótica. Levei aquilo comigo e adquiri carinho ainda maior pelo George Washington, que recentemente ganhou companhia inseparável do Lincoln no bolso de trás de minha calça jeans.
Esse é o preâmbulo para nosso relatório mensal de câmbio, feito exatamente sob as diretrizes de prêmio por risco, overshooting, monetarismo e eventos raros – me arrependo de não ter seguido os conselhos do orientador e replicado o modelo do Robert Barro, originalmente atribuído ao equity risk premium, para o caso cambial. Os grandes saltos ajudam, sim, a explicar os prêmios de risco. Convido a todos a assinarem essa seção, pois cada nuance será tratada oportunamente em novas edições.
Tudo isso para responder a questão nevrálgica: para onde vaio dólar depois da mais recente decisão do Fed? Bernanke acaba de falar: “hoje vai ter uma festa. Bolo e guaraná. Muito doce para você.” A farra de liquidez continua, mas até quando?
#INSIGHT DO DIA
O Rodolfo é o dono deste espaço. Sou uma espécie de Jaime Oliveira. Substituo o mano apenas interinamente. Eu sei: ele escreve muito melhor e tem mais cabelo também. Mas eu tenho uma vantagem sobre ele: tolerância à lactose.
Por isso, posso abusar das Vacas Leiteiras. Elas estão ainda mais generosas sob a perspectiva de manutenção das taxas de juro em âmbito global em nível baixo por muito tempo. Se você gosta de um pinga pinga e de ações com baixo perfil de risco, pode se interessar por estes 8,5% de dividend yield ao ano, por bastante tempo.
#DIRETO DA MESA
O amigo R.L. envia email com uma pergunta ambígua: “vocês estão otimistas com a Bolsa?” Eu queria entender se ele se refere à renda variável como um todo ou às ações de BM&F Bovespa em particular. Mas lembra da pergunta idiota do Chapolin Colorado: o lobo ou o coiote? A mesma resposta vale para ambos.
No final, estou otimista com os dois, com a exceção de que acho possível um pouco mais de agressividade sobre BVMF3, dando entrada interessante com queda recente. Já sobre Ibovespa, vejo espaço para a continuidade da alta recente ainda sob a ajuda da liquidez internacional forte, mas aqui eu seria bem seletivo. Compraria só empresa premium, achando que o rali recente esteve bem concentrado, no suco do lixo.
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.