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Petróleo: O que o “Perseguidor Implacável” da Opep Fará desta Vez?

Publicado 20.07.2021, 09:36
Atualizado 02.09.2020, 03:05

Publicado originalmente em inglês em 20/07/2021

“Vou fazer um inferno da vida daqueles que estão brincando com este mercado”, ameaçou o ministro de energia da Arábia Saudita, Abdulaziz bin Salman, em setembro, ao se referir ao petróleo.

Petróleo diário

Prometendo causar o máximo de volatilidade para quem estivesse vendido no petróleo, o ministro saudita pediu aos seus rivais: “alegrem meu dia”, frase utilizada pelo policial durão dos filmes de detetive Perseguidor Implacável, da década de 1970 e 80.

Levou certo tempo para que AbS, como ele também é chamado, cumprisse sua promessa. Mas, quando o fez, alguns “ursos” do petróleo, de fato, acabaram vivendo um inferno. Os preços do petróleo saltaram 25% no trimestre encerrado em junho, em uma alta praticamente sem paradas, inclusive 5% em alguns dias.

Agora, o mercado petrolífero voltou a viver uma situação em que AbS talvez tenha que alertar os vendidos novamente. A questão é: será que ele terá a mesma eficiência desta vez?

Os preços do petróleo registraram sua pior queda em 16 meses na segunda-feira, logo depois que a aliança de produtores da Opep+, liderada por AbS, anunciou aumentos de oferta a partir de agosto.

Ainda que a revisão da produção e o colapso dos preços certamente estivessem correlacionados, não foi a ação em si da Opep+ que precipitou a queda.

O que derrubou o mercado foi a preocupação com o recrudescimento dos casos de Covid ocasionado pela variante Delta e seu possível impacto no crescimento global.

O colapso no petróleo ocorreu na esteira de um derretimento global das ações, com pelo menos um analista, Ed Moya, apontando que as ações de viagens e hotéis haviam sido esmagadas por causa de preocupações de que tudo “fora exageradamente precificado” nas apostas de recuperação a partir da pandemia.

Moya disse ainda:

“A demanda de combustível de aviação enfrentará dificuldades, já que as viagens internacionais não serão retomadas no futuro próximo, além do fato de que um contingente enorme de americanos não consegue renovar seus passaportes, mesmo com serviços mais rápidos”.

“Até mesmo as viagens domésticas para o Havaí estão perdendo atratividade, em função da pouca disponibilidade de carros para aluguel, falta de trabalhadores no setor de hospitalidade e fortes elevações de preço para hospedagem e jantares”.

Considerando que o otimismo de curto prazo com a demanda petrolífera, principalmente de combustível de aviação, mudou praticamente da noite para o dia, seria de se questionar qual nível de intimidação seria suficiente para evitar que os vendidos provoquem uma queda ainda maior do mercado.

Ao que parece, a sangria no petróleo havia sido estancada na segunda-feira à noite, com os preços abrindo e permanecendo em alta na manhã desta terça na Ásia.

Mas, considerando a intensidade do colapso do dia anterior – o barril do americano West Texas Intermediate perdeu 7% do seu valor, enquanto o barril do britânico Brent caiu 6% na maior desvalorização percentual intradiária desde abril de 2020 –, o repique de terça-feira era anêmico, com ganhos de menos de 0,5% no pregão da tarde em Cingapura.

Isso levantou dúvidas quanto à continuidade da liquidação no petróleo. Ninguém sabe ao certo, pois o mercado ainda está muito bem balanceado no momento.

Petróleo em uma encruzilhada

Até mesmo Moya acredita que o rali no petróleo “ainda não acabou”, mas reconhece que “provavelmente fará uma grande parada aqui”. Quão grande é a questão.

No pregão de terça-feira, o barril de WTI girava em torno de US$67, depois de cravar máxima de quatro anos a US$76,98 em 6 de junho. Já o barril de Brent era negociado a US$69, após testar o pico de 2017 a US$77,84 há duas semanas.

Mesmo considerando a liquidação mais ampla na segunda-feira, das ações e criptomoedas aos treasuries, o colapso do petróleo surpreendeu a muitos. Isso porque a Opep+ tentou fazer o necessário para fechar um acordo de produção para agosto, mantendo, no entanto, a oferta bem abaixo dos níveis de demanda.

A Opep+, aliança formada por 23 países produtores, afirmou que aumentará a oferta em 2 milhões de barris de agosto até dezembro.

O acordo para adicionar 400.000 barris diários por mês nos próximos cinco meses era exatamente o que a aliança tentou selar há duas semanas, antes de os Emirados Árabes Unidos rechaçarem manter sua oferta nos níveis de 2020.

Com o acordo revisado, os Emirados poderão aumentar sua produção para 3,5 milhões de barris por dia (mbpd) a partir de maio de 2022 em relação aos atuais 3,168 milhões.

A Opep+ também concordou com novas cotas de produção para diversos membros a partir de maio de 2022, incluindo Emirados, Arábia Saudita, Rússia, Kuwait e Iraque. Sauditas e russos, que lideram o cartel, poderão aumentar sua oferta para 11,5 mbpd cada um, em relação aos atuais 11 milhões. O ajuste geral incrementará a oferta em 1,63 mbpd a partir de maio do próximo ano, de acordo com cálculos da Reuters.

A adição líquida de 2 milhões de barris acordada para os próximos cinco meses ainda está abaixo da estimativa de 3,5 milhões de barris de aumento de demanda previsto para o período.

Mas essa estimativa de consumo também foi feita antes do aumento das infecções por Covid causado pela variante Delta nas últimas semanas.

Variante Delta ameaça demanda petrolífera

As infecções pela variante Delta da Covid dispararam desde meados de junho, levando alguns países, como Austrália e Coreia do Sul, a reintroduzir medidas restritivas. No sábado, o Reino Unido registrou o maior número de casos diários de Covid-19 desde janeiro de 2021, antes de a Inglaterra retirar a maioria das medidas restritivas em 19 de julho.

Por isso, não se sabe ao certo como será a demanda de petróleo nos próximos cinco meses, embora a expectativa seja de consumo robusto. Também não se sabe como será a onda da pandemia durante o outono e inverno no Hemisfério Norte, que também pode ser grande.

Voltando à questão levantada no início: O ministro saudita e a Opep+ conseguirão afastar os ursos do petróleo que estão causando tantos prejuízos?

A resposta provavelmente é sim, mas é possível que os preços do petróleo corrijam mais, já que a Opep não pode cortar imediatamente a produção – sua maior arma contra os vendidos – logo depois de anunciar aumentos de oferta a partir de agosto.

Embora o cartel ainda esteja mantendo fora do mercado cerca de 5,8 milhões de barris, pode ser que precise aguardar a passagem da próxima onda ou a retomada da demanda de verão para que os preços do petróleo voltem a disparar.

Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para oferecer aos leitores uma variedade de análises sobre os mercados. A bem da neutralidade, ele apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.

 

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