A Black Friday chegou! Não perca até 60% de DESCONTO InvestingProGARANTA JÁ SUA OFERTA

Por que mantemos a projeção da Selic inalterada para a próxima reunião?

Publicado 02.12.2022, 12:16
Atualizado 09.07.2023, 07:32
O cenário de incerteza fiscal será determinante para validar a precificação de novas altas da taxa de juros e vai na contramão da expectativa de consolidação de desinflação para o ano de 2023. Por enquanto, mantém-se a perspectiva de corte na taxa Selic para o segundo semestre do ano que vem (em magnitude menor do que a antevista anteriormente), mas reconhecemos o risco em torno deste cenário.
 

Em um ambiente de incertezas, o cenário que se desenha para a reunião de dezembro do Copom é mais bem definido por descontinuidade do que transição. A taxa de juros está em patamar elevado e causaria um arrefecimento da demanda agregada e da inflação nos próximos trimestres no caso do campo fiscal permanecer na zona de responsabilidade, mas a perspectiva de elevação permanente do nível de gastos do governo altera também as variáveis macroeconômicas. Dentre outras, esperamos um hiato consistentemente mais pressionado e menos potência da política monetária. Tudo mais constante, a reação passa necessariamente por mais juros.

Para além do risco fiscal, sobre o qual precisamos de mais clarificações, o cenário prospectivo dá sinais mistos ao Copom. A atividade tem as primeiras indicações concretas de desaceleração. Além de dados de atividade perdendo momento, indicadores de confiança de agentes econômicos sugerem um final de ano de cautela (obviamente reforçado por fatores políticos) e, consequentemente, menos dinamismo. No mercado de trabalho, apesar da baixíssima taxa de desocupação, outros indicadores (como o Caged) mostram clara desaceleração.

Por outro lado, a divulgação do PIB do terceiro trimestre reforça que o ponto de partida, do ponto de vista da atividade é mais elevado do que o antecipado. Estamos defronte uma economia que crescerá um pouco mais do que 3% no ano, vindo de um crescimento já forte de 5% em 2021. O carrego que fica para 2023 é elevado.

Como sempre, o foco na inflação exige discussão de seus determinantes. Os riscos fiscais são obviamente inflacionários (estímulo à demanda, efeito no câmbio, desancoragem de expectativas de inflação longas), enquanto a conjuntura da atividade é desinflacionaria. No equilíbrio destes fatores, o primeiro predomina e a taxa de juros permanecerá em patamar contracionista apesar do arrefecimento contratado da atividade.

Vale (BVMF:VALE3) retomar aqui o nosso exercício de abrir a inflação dos livres entre cíclicos (i.e. aqueles que reagem ao hiato) e acíclicos (i.e., aqueles que não reagem ao hiato). Em oposição aos administrados, ambos fecharam o terceiro trimestre elevados. Em um ambiente de maior pressão dos acíclicos, o esforço que cíclicos terão de fazer para garantir a convergência da inflação agregada será maior. Ou seja, estamos possivelmente diante de um ambiente em que a deterioração da inflação se soma à deterioração fiscal para exigir mais Selic.

 

Sobra ainda uma menção ao caveat internacional. Os EUA devem permanecer em trajetória de retirada de estímulo monetário. O ritmo será mais lento, porém a taxa terminal mais alta (esperamos 5.25% de piso). Mais do que isso, a precificação do mercado é excessivamente otimista em relação ao início do ciclo de cortes. Em contraposição ao aperto vindo do exterior provocado pelos EUA (e de juros em outros desenvolvidos), os sinais de abandono da Covid Zero na China trazem alívio. Commodities permanecem sustentadas neste ambiente, impactando nossos termos de troca e tirando pressão do câmbio.

O interno se sobrepõe ao externo, mas o fator China pode reduzir a pressão de deterioração local. Neste ambiente, o Copom colhe os frutos de ter elevado fortemente os juros durante os últimos 18 meses e pode esperar. Caberá em sua comunicação um maior tom de alerta sobre as consequências para a política monetária de uma política fiscal expansionista neste momento.

A depender do resultado de negociação da PEC, o Copom terá de seguir a precificação da curva de juros e elevar a taxa básica novamente no ano que vem.

Últimos comentários

Carregando o próximo artigo...
Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.