Definindo o Bitcoin como uma moeda, uma unidade de conta e uma rede de pagamentos
Muitos tweets e feeds de RSS chegam ao meu monitor todos os dias afirmando que o market cap [valor de mercado] do Bitcoin bateu uma nova grande marca ou que o seu market cap colapsou. O Bitcoin, na verdade, não tem um market cap, da mesma maneira que o ouro ou as moedas nacionais (fiat) também não possuem market caps. Nomear o valor total de Bitcoins deste jeito tira as pessoas daquilo que o Bitcoin foi fundamentalmente desenhado para ser e de como ele funciona hoje em dia.
A Investopedia.com define capitalização de mercado como o valor total do mercado em dólares de todas as ações em circulação de uma companhia. A capitalização de mercado é calculada ao multiplicar o número de ações em circulação da companhia pelo atual preço de mercado de uma ação. A comunidade de investimento utiliza esse dado para determinar o tamanho de uma empresa, em contrapartida aos dados de vendas e ativos totais.
É tentador tomar a segunda parte da definição para dizer que nós deveríamos multiplicar o número total de Bitcoins em circulação pelo preço individual de um bitcoin e chamar isso de market cap. A similaridade entre o bitcoin e as ações de uma empresa é que ambos são escassos. Contudo, ações não são os únicos itens escassos que os investidores retêm, eles também têm em seus portfólios títulos, commodities e outros instrumentos de investimento.
Originalmente, o bitcoin foi intencionado a ser uma rede de pagamentos descentralizada na qual a unidade de conta era o bitcoin. Talvez em suas intenções originais ele nem mesmo tinha como objetivo interagir com moedas emitidas por governos. O bitcoin, como uma unidade de conta, certamente possui atributos que também o fazem ser uma moeda. Em particular, ele pode ser divisível, possui fungibilidade limitada e direitos de propriedade bem definidos que o fazem teoricamente uma boa reserva de valor. Embora não fazia parte das intenções originais do protocolo, os desenvolvedores estão criando novos protocolos que são construídos em cima do Bitcoin com o objetivo de oferecer produtos financeiros mais complexos e alternativas de casos de uso. Desta maneira, a blockchain do bitcoin possui a unidade de conta mais fundamental de todas, que é o próprio bitcoin, mas existem mais plataformas e novas unidades que surgiram em cima dela. Talvez, finalmente, transacionar na blockchain será um privilégio ou utilizada para serviços específicos, enquanto outras transações acontecerão fora da blockchain em ambientes confiáveis. Isso lembra nosso sistema financeiro existente no qual M1 [medida de suprimento monetário] representa as notas, moedas e as contas atuais. No Reino Unido, M4 contém:
- notas e moedas da libra;
- depósitos em libra, incluindo certificados de depósito;
- papéis comerciais, títulos, FRN [instrumento de dívida] e outros instrumentos de maturação de, até e inclusive, cinco anos, emitidos por Instituições Monetárias Financeiras do Reino Unido;
- reivindicações de crédito de Instituições Monetárias Financeiras do Reino Unido que emergem a partir dos repositórios (a partir de dezembro de 1995);
- estimativas de colocações de capital de notas bancárias de libra
- e 35% da diferença do inter-MFI (Instituições Monetárias Financeiras) em libra.
É suficiente dizer que o valor monetário da ampla base de dinheiro medida por M1 captura uma estimativa de quanto dinheiro básico flutuando ao redor da economia pode ser usado como reserva de valor e meio de troca. Ordens de medida de dinheiro mais altas mostram camadas mais complexas de produtos financeiros. Apesar de estes produtos não terem sido implementados em cima do bitcoin, eles estão em desenvolvimento e nós iremos atualizar adequadamente nossa medida de suprimento monetário.
Fonte: @jony_levin
Tradução: Milton Leal