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Precificar Agora Anseio de Candidato Mudar o Câmbio é um Equívoco

Publicado 29.08.2014, 07:00
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A formação do preço da moeda americana no nosso mercado está fortemente afetada por forte intervenção da autoridade monetária e não guarda simetria com a realidade do seu preço fundamentado.

Há intervenção para sustentar a sua confiabilidade perante os detentores de passivos externos já atinge o expressivo montante de US$ 93,0 Bi em instrumentos financeiros denominados “swaps cambiais” no mercado futuro e mais uma injeção de liquidez de US$ 15,0 Bi realizada pelos bancos com a formação de posições vendidas, estratégia que os leva a substituir o BC como gerador de liquidez, compensados por ganhos financeiros na arbitragem da rentabilidade do cupom cambial verso custo das linhas de financiamento em que estão ancoradas ditas posições.

Este é um contexto que só sugere imaginar-se em expansão com o BC numa trajetória que não se permite interromper a oferta dos “swaps cambiais” e nem os bancos de reduzir de modo expressivo suas posições vendidas, que, a rigor, devem se elevar, já que nada sugere que ocorra fluxo cambial positivo ao longo dos próximos meses.

A recondução do preço da moeda americana no nosso mercado precisará cumprir uma longa trajetória de ajustes que dependerá de fatores programáticos de uma nova política econômica capaz de atrair intenso fluxo de capitais externos para o país, permitindo assim o desmonte da expressiva intervenção da autoridade monetária presente, diretamente com a colocação de “swaps cambiais” e indireta com os bancos gerando liquidez com posições vendidas.

Em quanto tempo será possível a saída do “status quo” da intervenção existente ao final do ano, provavelmente com números maiores do que os atuais, para um novo cenário de intenso fluxo de recursos externos suficientes para permitir o movimento reversivo?

Por melhor que seja o programa econômico para 2015, será necessário que mature o sentimento externo de credibilidade nas diretrizes colocadas para que o fluxo de recursos para o país seja intensificado, sem perder de vista que agora há países latinos disputando os investimentos externos com o Brasil, até com vantagens relativas.

Este processo de sensibilização dos investidores externos, desde que visualizem no programa econômico posto pelo governo efetiva possibilidade de reordenamento focando o crescimento, queda da inflação, rigor fiscal, etc, poderá “consumir” o ano de 2015 integralmente.

A indústria para se restabelecer não é dependente tão somente de taxa cambial, mas deve se sentir motivada para fazer os investimentos imprescindíveis para se tornar competitiva perante a concorrência externa cada vez mais acirrada.

E como compatibilizar a elevação gradual da taxa cambial com seus impactos inflacionários na economia, que já está carente de ajuste de preços relevantes que vem sendo comprimidos pelo governo para não dar evidência de inflação presente maior?

Não há solução ao simples “estalar dos dedos”, mas sim um desafiador contexto prospectivo dependente da conjunção favorável de inúmeros fatores, para que o câmbio assuma preços formados num ambiente menos intervencionista por parte da autoridade monetária.

É praticamente impensável que o mercado de câmbio vá transcorrer este 2º semestre sem perturbações e pressões de demanda e de apreciação da moeda americana.

A volatilidade que retorna com força após meses de aparente calmaria pode ser o prenúncio desta nova fase no 2º semestre.

Há sinais de especulação em construção como causa desta volatilidade.

O PIB americano do 2º semestre veio forte sinalizando anualizados 4,2% frente a projeções de 3,9% impactou no mercado global e provocou ontem o fortalecimento do dólar frente as demais moedas. Houve ainda queda na demanda de pedidos de seguro desemprego na semana passada e dados muito positivos no setor imobiliário no mês de julho.

As moedas emergentes repercutiram desvalorizando-se frente ao dólar, como o peso mexicano, o peso chileno, a lira turca, o zar sul africano, e o nosso real que se insinuou em acompanhar foi contido e das poucas moedas a valorizarem-se frente a moeda americana foi a mais intensa, embora considerável uma moeda frágil.

Normal? Evidentemente que não, há algo além do que se pode considerar normal.

Nem mesmo se considerarmos que hoje é o dia da PTax, ainda assim não se pode deixar de considerar atípica a apreciação do real num ambiente como o de ontem.

E não se perca de vista que na margem há tensão do conflito entre Rússia e Ucrânia, “algo como pai brigando com filho” que tende a prolongar-se, mas que de alguma forma tem repercussões no contexto global, mas no fundo tendo importância menor do que lhe é atribuída.

Este movimento no nosso mercado de câmbio precisa ser mais bem observado, pois pode estar refletindo formação de posições no mercado futuro com dólar baixo, que poderão ser acionadas para movimento efetivo de depreciação especulativa sobre o real, depreciando-o no curto prazo.

E, é preciso considerar que a utilização excessiva do instrumento financeiro “swap cambial” pode levar a exaustão a sua capacidade de sensibilização da contenção na formação do preço da moeda americana, pois grande parte das exposições das empresas em moeda estrangeira já estaria protegida, e a demanda estaria mais centrada no mercado à vista que já está carente de liquidez autogerada e que dependeria da capacidade técnica dos bancos aumentarem suas posições vendidas ou da intervenção do próprio BC realizando leilões de venda.

Se chegar a este cenário, não se pode afastar a possibilidade de movimentos especulativos a partir de posicionamentos no mercado futuro, valendo-se do contexto em torno do mercado à vista.

Para restabelecer ao mercado de câmbio ambiente sem a intervenção maiúscula que se verifica na atualidade, há, sem dúvidas, um longo percurso a ser cumprido superando entraves e reconquistando credibilidade, e isto não se resolve com discursos e exposição de anseios e nem há solução de curto prazo possível.

Por isso, não é racional repercutir de imediato o que ainda é uma possibilidade e que se tornada efetiva levará todo 2015, no mínimo, para que possa mostrar os primeiros sinais, sendo melhor focar o curto prazo que pode trazer perturbações efetivas no comportamento do mercado de câmbio.

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