As bolsas de ações começaram a semana caindo com as atenções voltadas às movimentações da Rússia na Ucrânia e às reações dos Estados Unidos e seus aliados, para na sequência recuperarem com declarações mais amenas de Putin, levando muitos a crer que a situação será resolvida por vias diplomáticas.
Os pedidos de seguro-desemprego mais baixos e a uma criação de postos de trabalhos maiores do que estimado, na principal economia do planeta, ajudaram o S&P a atingir nova alta histórica.
Os índices de commodities fecharam com ganhos, sendo que apenas quatro componentes do CRB caíram nos últimos cinco dias. Os destaques na alta foram o açúcar e o café, subindo 9.35% e 9.04% respectivamente.
As poucas chuvas no Brasil, que afetam tanto a cana-de-açúcar como o café, assim como apresentações no seminário da OIC e análises mais pessimistas para a condição das lavouras (e mais otimistas para os preços), afastaram ainda mais os vendedores do mercado. Os fundos comprando e o fluxo de caixa apertado dos comerciais que estão vendidos fizeram com que Nova Iorque rompesse os US$ 200.00 centavos pela primeira vez em exatos dois anos.
O contrato da LIFFE por não acompanhar a puxada do “C” faz com que a arbitragem alargue também para o maior patamar desde março de 2012, US$ 101.64 centavos por libra – muito próximo do nível que o arábica negociava até o início de janeiro último.
Dentro dos prognósticos do tamanho da perda na produção brasileira, assim como as perspectivas de preços, há opiniões para todos os gostos. Desde os que falam em uma safra menor em 3 milhões de sacas, até os que dizem de perdas de 12 milhões de sacas. Sobre o preço já falaram que o terminal pode chegar a 3 dólares (US$ 300 centavos), ao mesmo tempo que uns e outros tem se machucado em estarem entrando vendidos tentando adivinhar o fim do rallye – que por enquanto não aconteceu.
As apostas para os números de produção de 14/15 vão ficar acirradas por ao menos outros dois meses, quando a safra começa a ser colhida no Brasil (se não atrasar, é claro). Até lá, mais uma vez, parece acertada a decisão dos produtores em continuarem vendendo, pois previsões que neste momento soam como música aos seus ouvidos podem sofrer revisões repentinas e no fim fazê-los amargar vendas a preços mais baixos.
A movimentação do físico deve diminuir de agora em diante. Isto porque muito foi vendido nos primeiros 30 centavos da alta, de forma que de agora em diante o jogo está mais na mão de quem ficou comprado nos diferenciais, e menos na anterior retração de vendas dos produtores.
Problemas de calote (default) foram noticiados na semana, mas por ora concentrados entre os comerciantes na Colômbia. Os diferenciais por lá se mantém firmes, e mesmo com a entrada da safrinha é difícil imaginar que barateiem.
Falando em diferenciais a ICE revisou o “basis” dos cafés brasileiros não-naturais que podem ser entregues na bolsa de 9 centavos de desconto para 6 centavos de desconto – longe do real mas ao menos demonstrando estar na direção correta. A mudança só entra em vigor a partir do contrato de maio de 2016.
Alguns leitores têm perguntado sobre o motivo do tom mais cauteloso dos comentários justamente quando o “C” se mantém forte. Mais uma vez repito que só saberemos qual será a máxima do mercado depois que os preços estiverem caindo, e como o que causou os ganhos até agora foi em grande parte um “squeeze” de dinheiro em função da seca no Brasil, o mais prudente é diminuir seus estoques e cuidar das dívidas e da lavoura. Muitos pedem um palpite do “teto” do mercado. Missão impossível, mas já que tantos pedem palpite eu diria ser difícil ver preços acima US$ 220 centavos por libra.
Tecnicamente Nova York só perde força se romper os US$ 180 centavos, e pode ganhar mais gás com um fechamento acima de US$ 205 centavos por libra.