- Resultados do 3T2022 fiscal serão divulgados na quarta-feira, 20 de abril, antes da abertura do mercado;
- Expectativa de receita: US$18,72 bilhões
- Expectativa de lucro por ação: US$1,3
Quando a Procter & Gamble (NYSE:PG) (SA:PGCO34) divulgar seu último balanço trimestral amanhã, os investidores ficarão de olho no impacto da inflação mundial sobre as vendas dessa gigante dos produtos básicos de consumo, após dois anos de sólido crescimento. A PG fechou o pregão de segunda-feira cotada a US$157,06.
A empresa sediada em Cincinnati, Ohio, está entre as multinacionais que enfrentam uma série de ventos contrários no ambiente pós-pandemia, como os distúrbios na cadeia de fornecimento e a escalada dos custos.
Dados indicam, entretanto, que a companhia deve conseguir amenizar o efeito inflacionário através do seu poder de precificação, reduzindo a pressão dos custos maiores e das restrições de suprimentos nos seus resultados.
No trimestre encerrado em 31 de dezembro, a P&G implementou suas mais significativas elevações de preços desde o início de 2019. De acordo com executivos da empresa, os aumentos de preços continuarão em 2022, o que pode se traduzir em maior lucratividade e melhores margens nos próximos trimestres, mesmo diante da aceleração dos custos com mão de obra, frete e matérias-primas.
A fabricante do amaciante Downy e dos barbeadores Gillette pode enfrentar um impacto de US$2,8 bilhões nas vendas no ano fiscal de 2022, que se encerra em junho, uma alta em relação aos US$2,4 bilhões projetados em novembro. Com essas pressões, a P&G agora espera que o crescimento das vendas orgânicas de todo o ano seja de 4% a 5%, em comparação com a projeção anterior de um aumento de 2% a 4%.
Robusta demanda dos consumidores
Essa melhora nas projeções também evidencia que a demanda pelos produtos da P&G – em categorias como limpeza, saúde e higiene – continua resiliente, com os consumidores dispostos a pagar preços maiores.
A inflação nos EUA, mercado doméstico da empresa, está em seu patamar mais alto em quatro décadas, na medida em que os desequilíbrios de oferta e demanda elevam os preços de tudo, desde carros usados até produtos para cuidado doméstico.
Os preços subiram, em média, 3% para consumidores da P&G nos últimos trimestres, e os aumentos de preços responderam por metade do crescimento da receita da companhia no período. Os volumes maiores foram responsáveis pela outra metade.
As ações da PG revelaram ser uma boa proteção neste ambiente econômico volátil. Graças ao sólido balanço do 2º tri de 2022, em janeiro, o papel caiu apenas 3%, cerca de metade do que recuou o índice S&P 500.
Raymond James, ao classificar a Procter & Gamble como “acima da média”, disse o seguinte em nota neste mês:
“Embora o cenário para os produtos de consumo tenha ficado mais desafiador, à medida que o mercado avalia o crescimento e a inflação no pós-pandemia, acreditamos que a PG tem melhores condições de enfrentar a volatilidade, amortecer os custos com suas próprias iniciativas e focar em inovação para sustentar seu bom momento”.
A companhia está bem posicionada para lidar com a inflação das commodities, graças ao seu robusto e diversificado portfólio.
Nos últimos cinco anos, a P&G inovou em marketing e simplificou sua estrutura organizacional, ao mesmo tempo em que cortou sua oferta de marcas de 175 para 65, focando nas 10 categorias de produtos com maiores margens.
A companhia também eliminou 34.000 postos de trabalho através da combinação de vendas de marcas, programas de demissão e fechamento de fábricas, reduzindo mais de US$ 10 bilhões em custos.
Conclusão
As ações da P&G continuam sendo nossa escolha favorita entre as empresas de produtos de consumo embalados. Ela é uma das maiores pagadoras de dividendos dos EUA, distribuindo um dividendo anual de US$3,65 por ação, para um rendimento de 2,33%, um histórico difícil de bater, já que eleva seus proventos há 65 anos.
Vemos poucas razões para abandonar essa gigante do setor de consumo, mesmo que suas ações passem por dificuldades nos atual ambiente inflacionário.