Eis uma antiga história sobre a irracionalidade no mercado de sardinhas, quando as sardinhas desapareceram das águas onde elas eram tradicionalmente encontradas.
Os negociadores dessa commodity, como reflexo da oferta e procura, aumentaram seus lances, e o preço desses peixes aumentou. Um dia, um comprador decidiu se recompensar com uma refeição de alto padrão e de fato abriu uma lata de sardinhas e a comeu.
Ele imediatamente ficou doente e disse ao vendedor que as sardinhas estavam estragadas. O vendedor então falou: “Você não entende, as pessoas não estão comendo as sardinhas, elas estão comprando sardinhas para ganhar dinheiro!”.
Assim como os negociantes de sardinhas, muitos participantes do mercado financeiro são atraídos pela especulação, nunca se dando o trabalho de experimentar as “sardinhas” que estão negociando.
Especulação oferece a possibilidade de gratificação instantânea. Por que ficar rico lentamente se eu posso ficar rico rapidamente? Especulação envolve ir de acordo com as tendências da massa, não contra. Existe conforto no consenso, a maioria ganha confiança proveniente de sua própria numerosidade.
Existe muita tentação para o ato de tratar ações como pedaços de papel negociáveis. Ver as ações dessa maneira não requer análise rigorosa e tampouco conhecimento profundo sobre o business por trás da ação. Além disso, estar comprando e vendendo constantemente as ações pode ser excitante e, caso o mercado esteja subindo, lucrativo.
Porém isso é, em sua essência, especulação e não investimento. É vitalmente importante para investidores, distinguir flutuações no preço das ações da verdadeira variação na realidade da empresa por trás do papel.
É necessário pensar por si próprio e não deixar o mercado direcionar suas atitudes.
Valor intrínseco do negócio em relação ao preço, não o preço por si só, deve determinar as decisões de investimento de um indivíduo, sendo que o valor intrínseco só é devidamente estimado após a análise rigorosa e a aquisição de conhecimento profundo sobre o negócio por trás da ação.
Do mesmo jeito que os participantes do mercado podem ser divididos em dois grupos, dos investidores e dos especuladores, os ativos nos quais o capital pode ser alocado são classificados em investimentos e especulações.
A diferença não é clara para a maioria das pessoas, ambos podem ser comprados e vendidos. Ambos tipicamente tem flutuações em seu preço e portanto parecem gerar retornos sobre o montante alocado.
Existe, porém, uma diferença: investimentos geram um fluxo de caixa ao longo do tempo para benefício dos donos, especulações não. Os retornos para o segundo grupo dependem exclusivamente das peculiaridades do mercado na realização da revenda do ativo.
Se um indivíduo compra uma obra de arte esperando ganhar dinheiro, ele está especulando. Está completamente a mercê do olhar do mercado no momento em que espera realizar a revenda. Seu ativo não gera fluxo de caixa e seu preço está unicamente atrelado a oferta e procura pelo mesmo, ele não tem valor intrínseco.
Uma ação, que é uma fração de uma complexa estrutura de negócio, gera lucro independentemente das variações no valor de mercado, que pode ser reinvestido no negócio ou repartido com seus donos na forma de dividendos.
O preço que o mercado num determinado momento atribui à ação, não necessariamente reflete a realidade da empresa, uma vez que esse preço é reflexo dos inúmeros motivos que fazem as pessoas quererem comprar ou vender um ativo. No longo prazo, o preço converge para o valor.