No artigo anterior, paramos quando começaram a pipocar os esquemas do Mensalão, nas descobertas de cobrança de comissões, ocorridas na empresa pública Correios. A casa caiu para os esquemas de propinagem do Centrão, do PTB, sendo Roberto Jefferson o primeiro a cair. Neste imbróglio de comissões sistemáticas, descobriu-se que José Dirceu era um dos formuladores.
Na época, o "mantra" do ex-chefe da Casa Civil era "os fins justificariam os meios", frase de Nicolau Maquiavel. Era o projeto megalomaníaco do PT de se manter no poder por mais de 20 anos que começava a soçobrar. Isso porque para se manter todo este tempo, a máquina do partido tinha que ser "azeitada" e para isso, um sistema de arrecadação de recursos/propinas, ou de "caixa dois", seria criado. Esta é a conclusão que se chega à luz da história.
Investigações conduzidas pela Polícia Federal e com a chancela de Joaquim Barbosa, então ministro do STF, acabaram ocorrendo e vários personagens desta "república sindicalista" começaram a cair. Tivemos a prisão de Marcos Valério, do próprio José Dirceu, de Duda Mendonça, marqueteiro das campanhas do PT, de Delúbio Soares, tesoureiro do PT, vários deputados da base de governo, também foram pegos.
Estranhamente, o que parecia ser um sistema de recolhimento de comissões do PT, atingindo a todos, acabou poupando o líder maior do partido, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Muito se comentava na época que o ele tinha "teflon", pois nunca as acusações o pegavam. Agora, vendo a movimentação da mídia, já se sabe o porquê disso. Boa parte da imprensa nacional é de esquerda, simpatizante, portanto, do petismo no poder. Lula conseguiu governar por dois mandatos nesta toada, mesmo com os esquemas descobertos a cada dia.
No primeiro mandato, até que tivemos uma boa gestão econômica, beneficiada que foi pela farta liquidez internacional, forte crescimento dos EUA - acima de 4% - e demanda crescente pelos chineses das nossas commodities. Neste período, o "dragão asiático", crescia a uma média de 9% a 10% ao ano. Tivemos, depois, o segundo mandato, mas aí o desgaste da corrupção e do "aparelhamento da máquina" já contaminava a todos. O presidente até conseguiu responder bem à crise de 2008, com o País crescendo 7,5% em 2010, o que deu a ele ampla popularidade, mas os rescaldos do Mensalão já desgastavam sua base de apoio.
Em seguida, foi eleita Dilma Rousseff, um verdadeiro poste, e foi notória sua incompetência na gestão econômica.
Tanto o foi que estamos até os dias de hoje "lambendo as feridas" do caos econômico, das várias "pedaladas fiscais", formuladas por Arno Augustin, assim como as operações de desvio de recursos e transações nebulosas na Petrobras (SA:PETR4), como a refinaria de Pasadena e as várias no Brasil (Itaboraí no RJ, Abreu e Silva em Recife).
Foi daí que nasceu a Lava Jato e agora tudo é história. A prisão de Lula de tornou inevitável a partir do caso do triplex do Guarujá, sendo que mais 10 processos seguem correndo em segredo de Justiça. A reação dos que perderam a liberdade segue ocorrendo, com muitas delações, mas muitas ainda nos esperam. Reações do subterrâneo seguem ocorrendo, mas não nos parece haver muita sustentação jurídica.
As últimas foram a as "transcrições", obtidas pela The Intercept, sem a devida investigação da Justiça sobre origens e fontes. De onde vieram estes materiais? Esta é a pergunta que não quer calar.