Principais Notícias para o Mercado de Renda Fixa
Na semana pré-Copom, o mercado de juros futuros teve um ajuste discreto após os movimentos de queda dos últimos dias. A inclinação da curva passou de -24 pontos-base no dia 09, para -28 no dia 16, considerando o spread entre os vértices jan/29 e jan/25.
Os principais vetores que reforçaram que o BC tem espaço para iniciar o corte de juros no terceiro tri foram:
a melhora das expectativas inflacionárias no Boletim Focus (12), tanto nas de curto prazo quanto nos períodos mais longos, as mais resistentes em cair, o que foi por um bom tempo motivo de alerta por parte do Banco Central para justificar uma postura mais cautelosa na condução da Selic,
os indicadores de inflação do começo de junho (IGP-M, IPC-S e IPC-Fipe) corroborando o quadro de alívio dos preços, elevando a estimativa de antecipação de queda da Selic em agosto,
as declarações "dovish" do presidente do BC, Roberto Campos Neto, lidas como um sinal de que a autoridade monetária prepara o terreno para flexibilizar a política monetária. Além de destacar a evolução das expectativas futuras e a queda da inflação corrente, ele ressaltou o alívio da curva de juros com a melhora do quadro fiscal,
o dado fraco do setor de serviços. A PMS de abril mostrou queda no volume de serviços de 1,6% na margem, bem pior do que o recuo de 0,4% apontado pela mediana das projeções,
as perspectivas otimistas em relação ao avanço das novas regras fiscais e à reforma tributária,
a decisão da agência de classificação de risco S&P de alterar de estável para positiva a perspectiva da nota de crédito do Brasil, em meio a avanços na política fiscal e monetária. A expectativa do mercado é que a alteração do rating atraia mais investimentos e acelere a pauta de reformas do governo e, no curto prazo, apresse uma queda da Selic,
o reajuste em baixa nos preços da gasolina pela Petrobras (BVMF:PETR4), corte de R$ 0,13 por litro às distribuidoras, o que alimenta a expectativa de deflação do IPCA de junho,
os dados fracos do varejo em abril. As condições de crédito apertadas e o alto endividamento das famílias continuam a pesar sobre as vendas varejistas,
o IBC-Br acima do consenso e o IGP-10 abaixo não chegaram a alterar a convicção do mercado sobre o ciclo de cortes da Selic,
a surpreendente queda na produção industrial, a desaceleração da taxa anual do índice de preços ao produtor e o nível alto de pedidos de auxílio-desemprego trouxeram dúvidas sobre a retomada do aperto monetário em julho. O presidente do Fed, Jerome Powell, disse que as próximas semanas serão importantes para se medir o aperto monetário adotado e que as opções para o próximo encontro estavam em aberto,
e a entrevista coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell, suavizando o tom considerado "hawkish" do comunicado da decisão de política monetária, que ratificou o consenso das apostas e manteve os juros entre 5,00% e 5,25%.
Fizeram um contraponto ao cenário mais otimista:
os discursos de membros do Fed que fortaleceram as apostas de aperto de juro no encontro de política monetária de julho,
o índice de sentimento do consumidor dos EUA, da Universidade de Michigan, subindo mais do que o esperado na prévia de junho,
o Banco Central Europeu (BCE) ratificou o consenso das expectativas e elevou o juro em 25 pontos-base, deixando a apercepção de que o ciclo de alta deve continuar em meio à inflação resiliente e a indicação da presidente, Christine Lagarde, de que uma pausa no aperto monetário não está em discussão,
o índice de preços ao consumidor (CPI) de maio nos EUA dentro do esperado, porém os núcleos ainda elevados levaram ao entendimento de retomada do aperto monetário pelo Fed em julho,
e a queda no desemprego no Reino Unido alimentando a expectativa por mais aperto monetário do Banco da Inglaterra (BoE). O rendimento do bônus público britânico (Gilt) de 2 anos alcançou maior nível desde agosto de 2008.
No Relatório de Mercado Focus (19), na esteira de um conjunto de notícias favoráveis à descompressão inflacionária, a projeção para a inflação oficial deste ano passou de 5,42% para 5,12%, ainda acima do teto da meta (4,75%). Um mês antes, a mediana era de 5,80%. Para 2024, foco da política monetária, passou de 4,04% para 4,00%. Há um mês era de 4,13%. A mediana supera o centro da meta (3,00%), mas está dentro do intervalo de tolerância superior, que vai até 4,50%.