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Publicado originalmente em inglês em 22/01/2021
A Tesla (NASDAQ:TSLA) (SA:TSLA34) se tornou uma grande história de sucesso para os investidores que continuaram fiéis à empresa, apesar do seu turbulento passado. Se você manteve essa ação em sua carteira durante o ano passado, seu investimento se multiplicou por oito.
Após esse movimento parabólico, ficou bastante difícil para os analistas justificarem o atual nível do papel com o crescimento dos lucros da empresa. Quando a Tesla divulgar seu último balanço na quarta-feira, seu fundador e CEO Elon Musk provavelmente enfrentará questionamentos sobre sua capacidade de respaldar o movimento da ação com o potencial crescimento futuro da companhia.
As ações da Tesla, entretanto, não demonstram qualquer sinal de perda de força em 2021. Elas já se valorizaram 21% até agora no ano, em comparação com o ganho de 1,6% do S&P 500 no mesmo período. Essa divergência claramente mostra que as expectativas são altas para o balanço da próxima semana.
Não há dúvidas de que a perspectiva de crescimento da Tesla melhorou imensamente nos ano passado. A fabricante de veículos sediada na Califórnia não está mais enfrentando os problemas produtivos que lhe atrapalharam durante a maior parte de 2019. No início deste mês, a empresa disse aos investidores que praticamente já atingiu sua meta de entregar 500.000 veículos em 2020. A empresa entregou 180.570 carros nos últimos três meses do ano, seu maior volume trimestral, mas ficaram faltando 450 veículos para a marca de meio milhão definida para o ano. Isso corresponde a um crescimento de 36% em relação ao ano anterior.
Com a produção e as ações em alta, a empresa deixou para trás sua precária posição de caixa. Ela levantou cerca de 12 bilhões em vendas de ações em 2020, aproveitando-se do seu valuation extremamente elevado e sem diluir muito sua base atual de investidores. No nível macro, a eleição de Joe Biden significa que a política americana se tornará mais favorável aos veículos elétricos.
Isso dito, nada justifica o fato de a Tesla ser negociada a 27 vezes o valor da sua receita esperada para 2020. Para maior contexto: uma das maiores concorrentes da Tesla, a Volkswagen (DE:VOWG) apresenta um múltiplo de 0,3 vezes suas vendas. Possivelmente essa divergência seja a razão para que muitos analistas temam que os investidores de varejo estejam inflando uma bolha que pode estourar a qualquer momento nas ações da Tesla.
Mesmo após vários analistas de renome terem abandonado suas recomendações de venda na Tesla, o preço-alvo médio da ação entre as casas que cobrem a empresa continua quase 50% abaixo do patamar atual. Apenas um terça daqueles que cobrem a ação recomenda compra, um percentual que não variou muito ao longo dos anos, de acordo com dados da Bloomberg. Por essas razões, é muito importante para Musk manter a lucratividade da Tesla e mostrar que consegue vender carros consistentemente acima do seu valor de custo.
Os analistas, em média, esperam que a companhia registre uma disparada de 29% nas vendas, alcançando mais de US$ 10 bilhões pela primeira vez. Mas o lucro por ação pode declinar de US$ 2,14 para US$ 1,01 em relação ao mesmo período do ano passado. Ainda assim, isso representaria seu sexto lucro trimestral consecutivo.
Para a ação não perder força, Musk também precisa mostrar que seus planos de expansão estão andando bem. A Tesla está construindo duas novas linhas de montagem, uma fora de Berlim capaz de montar cerca de 500.000 carros por ano e outra no Texas, que construirá a primeira picape da marca. Ambas devem começar a produção no fim deste ano, juntando-se às outras instalações de produção em Fremont, Califórnia e Xangai.
Após a corrida sem precedentes da Tesla em 2020, os investidores estão botando muita fé na capacidade da empresa de superar as expectativas de forma consistente. Se isso acontecer, certamente justificará o forte otimismo com a Tesla, mas isso já está precificado na ação. Qualquer surpresa negativa, por outro lado, pode ajudar a provar que a Tesla está sendo negociada muito acima do seu verdadeiro potencial.
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