- Há poucos sinais de que os consumidores estejam gastando menos com serviços de delivery e corridas por aplicativo.
- A Uber está ganhando mais dinheiro com delivery do que nunca, graças principalmente às contribuições dos seus negócios de publicidade com margem mais elevada.
- Os resultados da Airbnb mostraram que a demanda por viagens continua forte após o fim das restrições relacionadas à pandemia.
As ações das empresas da chamada “gig economy” estão com tudo depois de uma forte queda no primeiro semestre deste ano. A Uber Technologies (NYSE:UBER) (BVMF:U1BE34) disparou 36% na semana passada, enquanto a LYFT (NASDAQ:LYFT) decolou 46% no mesmo período, melhor desempenho de 7 dias na história de ambas as ações.
Paralelamente, a Airbnb (NASDAQ:ABNB) (BVMF:AIRB34) registrou sua terceira semana consecutiva de ganhos, acumulando uma valorização de 20% no último mês.
Apesar do atual cenário macroeconômico, os resultados do setor mostraram que há poucos sinais de que os consumidores estejam gastando menos com serviços de corridas por aplicativo, acomodação e delivery. A última evidência dessa força apareceu nos relatórios financeiros do segundo trimestre divulgados pela Uber, Lyft e Airbnb.
O CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, disse à Bloomberg TV que sua empresa estava com força total, sem qualquer sinal de que as pessoas estivessem gastando menos. Durante o segundo trimestre, a gigante do setor de contratação de motoristas registrou um recorde de reservas brutas e receita, que mais do que dobrou de valor, para US$ 8,1 bilhões.
A rival muito menor da Uber, Lyft, reportou seus melhores resultados da história, com a receita disparando 30% em relação ao ano anterior, em meio a uma recuperação ampla no serviço de corridas por aplicativo, mostrando que o pior já pode ter ficado para trás para essa ação que ainda acumula uma queda de mais de 50% no ano.
Mais espaço para alta
Eu considero que a Uber e a Airbnb ainda podem continuar subindo, haja vista que as empresas devem se beneficiar de uma demanda mais resiliente dos consumidores por serviços e experiências, após o prolongado período de restrições relacionadas às Covid.
Além disso, ambas as companhias usaram a pandemia para investir em inovação e enxugar sua estrutura de custos, deixando seus modelos de negócio mais resilientes a qualquer crise econômica potencial.
Os resultados da plataforma mundial de aluguéis residenciais de férias mostraram que a demanda por viagens continua forte após as restrições da pandemia, justificando o salto da ação no mês passado. A empresa sediada em São Francisco, Califórnia, obteve uma receita recorde no 2º tri e disse que o atual período lhe permitiria atingir uma nova máxima histórica.
A unidade de delivery da Uber, por exemplo, mostrou ter sido uma excelente diversificação durante a pandemia e se tornou uma sólida fonte de receita em tempos normais. A receita do Uber Eats cresceu 25% em relação a um ano atrás. O braço de entregas da Uber, que abrange restaurantes, itens de supermercado e bebidas alcoólicas, registrou um aumento de 7% nas reservas em relação a um ano atrás, atingindo US$ 13,9 bilhões. A companhia está ganhando mais dinheiro com delivery do que nunca, graças em parte às contribuições dos seus negócios de publicidade com margem mais elevada.
Com a volta das corridas e o sucesso do Uber Eats, a companhia também está atraindo motoristas, que estavam em falta no ambiente pós-pandemia. O argumento econômico que respalda essa tese de alta é que o mercado de trabalho ainda mostra resiliência, devido à escassez de mão de obra. Essa situação deve persistir, dando às pessoas maior poder de compra para viajar.
Por outro lado, a Airbnb continuará se beneficiando da demanda reprimida por viagens, mesmo que entremos em um período de recessão breve ou moderada. O modelo de preço justo do InvestingPro mostra que a ação tem um potencial de alta de 19,6%.
Fonte: InvestingPro
O diretor-geral da IATA, Willie Walsh, disse, em um encontro com CEOs de companhias aéreas, em junho, que a experiência sugere que o impacto da desaceleração econômica não será tão prejudicial à indústria de viagens. Ele apontou o colapso financeiro global de 2008, após o qual os números de passageiros se mantiveram estáveis em 2009 e registraram forte crescimento em 2010.
A Airbnb disse o seguinte, em uma carta aos acionistas:
“No auge da pandemia, tivemos que fazer muitas escolhas difíceis para reduzir nossos gastos, o que nos tornou uma empresa muito mais enxuta e focada. Desde então, mantivemos essa disciplina, permitindo que nossos planos de contratação e investimento permanecessem inalterados desde o início do ano. A Airbnb está bem posicionada o que vier pela frente".
Conclusão
A Uber e a Airbnb continuam sendo minhas duas ações favoritas na “gig economy” durante o atual mercado de baixa. Apesar dos seus ganhos recentes, ainda continuam oferecendo uma atraente oportunidade para que investidores de longo prazo se beneficiem do seu crescimento global e do seu espaço para crescer mais.
Aviso: O autor não possui ações das empresas mencionadas neste artigo.