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Reunião da Opep+ Discutirá 2 Cenários Distintos para o Mercado de Petróleo

Publicado 01.07.2021, 09:46
Atualizado 09.07.2023, 07:31
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Publicado originalmente em inglês em 01/07/2021

A reunião de hoje da Opep+ é de especial interesse não só porque os preços do petróleo estão relativamente altos – com barril de WTI e Brent sendo negociados perto de US$75 –, mas também porque o valor da gasolina nos EUA não para de subir em todo o país.

WTI semanal

O cartel precisará tomar uma importante decisão: o que fazer com a produção petrolífera em agosto e possivelmente durante o resto de 2021.

De acordo com os termos acordados no início do ano, o grupo deve elevar a oferta levemente em julho. A reunião da Opep+ neste 1 de julho terá como foco a perspectiva daqui para frente, já que seus planos atuais preveem a estabilidade da oferta após julho.

Os rumores são os mesmos que temos ouvido o ano todo: a Rússia defende aumentar a produção em agosto e setembro, ao passo que a Arábia Saudita favorece uma linha mais cautelosa. O Cazaquistão está ao lado da Rússia, assim como a Nigéria. Já o Kuwait segue a posição de cautela da Arábia Saudita.

A maioria dos analistas do mercado de energia acredita que a Opep+ elevará os números em agosto para algo na faixa de 500.000 barris por dia (bpd) a 1 milhão de barris por dia (mbpd). No entanto, as mensagens bastante cautelosas da Arábia Saudita têm suscitado dúvidas sobre se o país concordará em aumentar a produção tanto assim.

De um lado, existem sinais de que o mercado petrolífero esteja com oferta restrita, com a demanda prestes a superá-la, o que respaldaria a elevação da produção. De outro, há indicações contrárias de que a oferta no mercado não está tão restrita assim; pelo contrário, é possível que registre facilmente uma sobreoferta.

Vamos analisar ambos os argumentos.

1. Mercado de petróleo restrito – Aumento de produção

Um relatório avaliado pelo Comitê Técnico Conjunto da Opep (CTC), na terça-feira, 29 de junho, mostrou que o mercado petrolífero estaria em déficit atualmente, podendo permanecer assim no curto prazo.

A demanda de petróleo está aumentando. Nos EUA, o consumo de gasolina e diesel aumentou, e o petróleo armazenado em navios-tanque caiu 17% na semana passada.

Os bancos e hedge funds parecem confiantes de que os preços continuarão subindo e se posicionaram nesse sentido. A produção de petróleo nos EUA permaneceu estável, em torno de 11 mbpd. Com preços mais altos, algumas empresas passaram a fazer mais perfurações, porém a maioria não está expandindo a produção.

Além disso, as companhias aéreas estão se preparando para aumentar as viagens, o que elevaria o consumo de combustível de aviação.

Esses sinais indicam que a Opep+ deveria aumentar a oferta para um mercado sedento por petróleo. Esses sinais também indicam que o aumento de oferta não pressionaria muito os preços do petróleo, se é que isso aconteceria. Pelo contrário, a elevação dos estoques poderia evitar que os preços subissem até um nível capaz de gerar uma recessão econômica ou prejudicar a demanda.

2. Mercado petrolífero fraco – Cautela na produção

O mercado de petróleo aparenta estar restrito, pois a Opep+ ainda está mantendo fora do mercado 5,9 mbpd. O relatório do CTC mostra que, se a Opep+ fornecesse mais 5,9 mbpd nos próximos 8 meses, o mercado registraria excesso de oferta em 2022, mesmo com um crescimento esperado da demanda.

Os estoques mundiais de petróleo também continuam elevados, apesar de algumas retiradas de grande volume nos últimos meses. O petróleo armazenado no mar caiu, mas apenas até os níveis de 2020. A China cortou em 35% a quantidade de petróleo que suas refinarias independentes podem comprar no segundo semestre de 2021. O Irã também está prestes a aumentar as exportações em 1 mbpd se as negociações com os Estados Unidos gerarem uma retirada das sanções.

Esses sinais poderiam indicar que a Opep+ deveria adotar uma posição conservadora no mercado e evitar elevar a oferta demais ou mesmo não fazê-lo. O pessimismo com o coronavírus também devem ser considerados. Se houver indicações de que as economias podem voltar a impor bloqueios por causa de novas variantes, e a Opep+ pode, inclusive, ficar mais inclinada a restringir outros aumentos de produção.

Conclusão

Ao final, tudo leva a crer que a Arábia Saudita e a Rússia trabalharão em um acordo que satisfaça as necessidades russas no sentido de elevar a produção, mas sem sobrecarregar o mercado. A Arábia Saudita demonstrou disposição em cortar sua própria produção, ao mesmo tempo em que concorda com uma produção maior da Rússia, o que pode voltar a acontecer se as duas potências não chegarem a um acordo.

Diante da nova política da Opep+ de realizar reuniões mensais e a facilidade de organizá-las por meio virtual, ficou mais fácil de os membros simplesmente postergarem grandes decisões. Eles podem reconsiderar sua posição depois de 4 semanas, mais ou menos. É por isso que a maioria dos analistas duvida que a Opep+ tome importantes decisões ou mude drasticamente o mercado.

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