Hoje não tem jogo do Brasil pela Copa do Mundo, mas a liquidez do mercado financeiro tende a seguir baixa, apesar da menor aversão ao risco no exterior. Nesta véspera de feriado pela Independência dos Estados Unidos, as bolsas de Nova York fecham mais cedo (14h) e não abrem amanhã, enxugando o volume de negócios pelo mundo.
Isso sem falar no “feriadão” que está pintando em São Paulo, com os investidores emendando o 9 de Julho na próxima segunda-feira com o fim de semana e começando a pausa já no início da tarde de sexta-feira, quando a seleção brasileira entra novamente em campo na Rússia para enfrentar a Bélgica pelas quartas-de-final do Mundial.
Aliás, operadores e investidores não têm tido vergonha nenhuma em acompanhar mais os eventos em campo do que no pregão. Eles, assim como muitos de nós, têm se distraído durante as partidas que acontecem no horário de trabalho, o que tem reduzido o volume negociado no mercado financeiro global - inclusive em Wall Street.
Tal comportamento segue a tônica das últimas Copas e os feriados nos próximos dias apenas contribuem para enxugar ainda mais a liquidez, distorcendo os preços dos ativos. E à medida que a seleção brasileira avançar rumo ao hexacampeonato, o número de negócios por aqui tende a ser ainda menor, perdendo vigor conforme aumentam os gols.
A agenda de indicadores econômicos segue igualmente fraca e pouco tem contribuído para melhorar a dinâmica do mercado. Os investidores estão à espera dos dados sobre a produção industrial e a inflação ao consumidor (IPCA) no Brasil, que devem trazer os impactos da greve dos caminhoneiros sobre a atividade e os preços, além dos números sobre o emprego nos EUA (payroll).
Por aqui, o tombo da indústria em maio deve ter sido superior a 10%, nas duas bases de comparação. Tal perspectiva deve interromper uma recuperação do setor, que vinha acumulando 12 resultados positivos consecutivos no confronto anual. Os números efetivos saem amanhã.
Na sexta-feira, as atenções se dividem entre o payroll e o IPCA. O índice oficial de preços no Brasil deve registrar o maior aumento em junho desde 1995, com alta superior a 1%, refletindo não só a alta em alimentos, combustíveis e energia elétrica, mas também o repasse de custos ao produtor anteriormente represados por causa da atividade fraca.
Já o relatório oficial sobre o mercado de trabalho norte-americano deve continuar mostrando geração expressiva de vagas, ao redor de 200 mil postos, o que tende a manter a taxa de desemprego no menor nível desde o início dos anos 2000. O ganho médio por hora deve manter o ritmo de crescimento, rendendo US$ 34,50 ao trabalhador.
Hoje, o calendário norte-americano traz as encomendas às fábricas em maio (11h) e as vendas de veículos em junho, ao longo do dia. Logo cedo, saem as vendas do varejo na zona do euro em maio e, no início da noite, é a vez do desempenho do setor de serviços na China.
No Brasil, saem números regionais sobre a inflação ao consumidor (IPC), logo cedo, e também os dados sobre o índice de preços ao produtor (9h) em maio. À tarde, será conhecido o desempenho da balança comercial brasileira em junho (15h).
Em mais um dia de agenda fraca e volume baixo, os mercados internacionais ensaiam uma recuperação, enquanto a disputa comercial entre as maiores economias do mundo parece estar piorando. As principais bolsas europeias e os índices futuros das bolsas de Nova York estão em alta, com os ganhos liderados por ações dos setores de tecnologia e energia. Na Ásia, a sessão foi de perdas - à exceção de Xangai (+0,41%).
A queda renovada do yuan (renminbi) roubou novamente a cena, acumulando 14 baixas consecutivas e atingindo o menor valor em quase 11 meses, a 6,69 por dólar. Mas a moeda chinesa ganhou vigor após o presidente do Banco Central local (PBoC), Yi Gang, afirmar que a China pretende manter o yuan estável e em seu nível de equilíbrio.
O dólar, por sua vez, perde terreno para a maioria dos rivais, com destaque para o euro. A moeda única europeia se fortalece com o acordo firmado na Alemanha sobre a questão imigratória, que evitou uma crise no governo de Angela Merkel. O rendimento (yield) dos bônus europeus e norte-americano também se estabiliza.
Já o petróleo avança pelo quinto dia em seis pregões, com o aumento da produção pela Arábia Saudita não agravando a oferta global. Os metais básicos também sobem, com o cobre registrando a maior alta em cerca de um mês.