A taxa Selic foi elevada para 14,25% ao ano, reacendendo um debate crucial: quem realmente se beneficia com essa decisão? Enquanto bancos e grandes investidores encontram oportunidades de ganhos, a população enfrenta um cenário de crédito mais caro, endividamento crescente e uma economia travada.
A Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, influencia todas as operações de crédito e investimentos no país. O Banco Central adota sua elevação como estratégia para conter a inflação, encarecendo empréstimos e desestimulando o consumo. No entanto, essa política não fomenta o crescimento econômico. Em vez de estimular a produção e reduzir custos para empresas, a decisão dificulta o acesso ao crédito, restringindo investimentos e reduzindo a atividade econômica.
Embora a justificativa oficial seja o controle da inflação, os principais beneficiados são os bancos, que ampliam seus lucros com juros mais altos, e os grandes investidores, que conseguem retornos elevados em aplicações de renda fixa. Para essa parcela da sociedade, a Selic elevada representa uma oportunidade. Entretanto, a grande maioria da população não se enquadra nesse cenário favorável.
O impacto negativo recai especialmente sobre a classe média e os mais pobres, que já lidam com dificuldades financeiras e frequentemente dependem do crédito para financiar moradia, veículos e outras necessidades essenciais. O encarecimento dos financiamentos imobiliários, por exemplo, torna o acesso à casa própria ainda mais difícil. Além disso, quem já possui empréstimos em andamento enfrenta aumentos significativos nas parcelas, dificultando o pagamento. Pequenos empresários, que necessitam de capital para manter suas operações, veem suas margens de lucro reduzidas e seus negócios comprometidos pelo alto custo do dinheiro.
Essa política monetária também aprofunda a desigualdade social. Enquanto os mais ricos encontram formas de lucrar com os juros elevados, a população endividada sofre ainda mais. Em vez de buscar soluções estruturais que estimulem o crescimento econômico, como a redução da carga tributária para empresas que produzem internamente, o governo insiste na elevação dos juros, perpetuando um modelo que penaliza o consumo e os investimentos produtivos.
No Brasil, mais da metade do valor pago em qualquer compra corresponde a impostos. Isso significa que o problema vai além do custo do crédito; a carga tributária excessiva e a falta de incentivos ao setor produtivo tornam o ambiente econômico ainda mais desafiador. Nos países desenvolvidos, a política monetária é apenas uma parte de um conjunto de medidas que incentivam o crescimento sustentável. Aqui, no entanto, a alternativa há décadas tem sido a mesma: subir os juros, tornando o crédito mais inacessível e limitando as oportunidades de desenvolvimento econômico.
A perspectiva de novas elevações da Selic reforça a necessidade de repensar essa estratégia. Insistir nessa abordagem agrava a crise, desestimula o consumo e dificulta a recuperação da economia. A solução real exige um esforço conjunto para reduzir a carga tributária sobre a produção, facilitar o acesso ao crédito produtivo e promover políticas que incentivem o crescimento sustentável. Enquanto isso não ocorre, o cenário continua inalterado: bancos ampliando seus lucros, grandes investidores colhendo bons rendimentos e a maioria da população pagando a conta.
Que Deus abençoe o nosso país. Obrigado.