Ibovespa tem variação modesta com suporte de Petrobras, mas queda de Vale e tombo de Braskem
O mercado de assessoria de investimentos atravessa uma fase de amadurecimento acelerado, marcada por transformações profundas na relação entre profissionais e investidores. Entre as plataformas independentes, o volume de ativos de clientes alcança cifras trilionárias: a XP reportou cerca de R$ 1,4 trilhão em Client Assets no 2º tri de 2025, enquanto o BTG Pactual somou R$ 1,06 trilhão em Wealth under Management na mesma base. Se antes o foco esteve na ampliação da base de clientes e na democratização do acesso aos produtos financeiros contra os bancos tradicionais, o cenário atual exige uma postura mais estratégica, centrada na experiência do cliente e na construção de vínculos duradouros.
Nesse contexto, a tecnologia deixou de cumprir um papel secundário e passou a ser protagonista na jornada de relacionamento com o cliente. A Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2024, realizada pela Deloitte, mostra que 79% das transações bancárias no país já ocorrem por meio de canais digitais, como mobile banking, internet banking e aplicativos de mensagens. Esse dado reflete uma mudança de expectativa: o cliente atual valoriza agilidade, conveniência e personalização. Atender a essas demandas exige estrutura, dados e processos inteligentes.
É nesse ponto que o papel do profissional de investimentos precisa ser repensado. A atuação centrada apenas na alocação de recursos, já não é suficiente. O desafio agora é manter um padrão elevado de atendimento mesmo diante de carteiras extensas e perfis variados. Isso exige uma atuação mais consultiva, baseada em informações em tempo real, na antecipação de necessidades e na oferta de soluções sob medida. Para viabilizar essa abordagem com eficiência e escala, a tecnologia se torna essencial como meio para oferecer relevância em cada ponto de contato.
Soluções tecnológicas bem aplicadas tornam esse novo modelo possível. Elas permitem centralizar e organizar as informações da carteira, registrar interações com os clientes com precisão e agilidade, delegar tarefas entre os membros da equipe e, sobretudo, garantir que nenhuma oportunidade de relacionamento seja negligenciada. Quando integradas ao dia a dia do escritório, essas ferramentas aumentam a produtividade e trazem clareza à tomada de decisão, tornando a gestão do relacionamento mais ágil, estratégica e eficiente.
Um exemplo prático é a gestão consolidada de vencimentos da carteira. Ao monitorar prazos de resgates de produtos de diferentes instituições, o assessor consegue se antecipar, organizar melhor o fluxo de caixa do cliente e oferecer novas propostas de alocação de forma proativa. Isso protege a carteira e fortalece a percepção de valor entregue.
Outra frente relevante está na priorização inteligente do atendimento. Sistemas baseados em múltiplos critérios, como NPS - Net Promoter Score, métrica para avaliar satisfação do cliente - aniversários, movimentações e tempo desde o último contato, ajudam a construir uma régua de relacionamento mais precisa e eficaz. Mesmo em carteiras extensas, é possível garantir que os contatos ocorram de maneira oportuna e com foco real nas necessidades do cliente. Avançando um passo além, o uso de inteligência artificial já permite transformar histórico e comportamento em sugestões de ação específicas, elevando o nível de personalização.
Tais recursos transformam o atendimento reativo em consultivo, permitindo que o profissional do mercado financeiro antecipe temas relevantes, proponha soluções sob medida e conduza conversas mais estratégicas. Isso aprofunda o relacionamento com o cliente, ao mesmo tempo em que garante controle, padronização e escala nas operações. Essa capacidade já não representa mais um diferencial competitivo, mas uma exigência de um mercado cada vez mais maduro.
O setor financeiro caminha para um modelo em que a qualidade do relacionamento será um dos principais critérios de avaliação. Organização, previsibilidade e excelência deixarão de ser atributos desejáveis para se tornarem pré-requisitos para os investidores e para as instituições que integram esse ecossistema. Ignorar esse movimento é arriscar-se a perder relevância em um ambiente cada vez mais orientado por dados, eficiência e experiência.