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Tecnologias, Paradigmas e Cenários de Riscos nas Criptomoedas

Publicado 21.03.2018, 13:08
Atualizado 02.09.2020, 03:05

Em um texto recente nessa coluna, eu descrevi um ataque malicioso que pode derrubar redes de proof-of-stake. Basicamente, a premissa de que agentes com 51% não fariam ataques à rede é baseada em premissas sobre os agentes maximizam lucros, não procurando qualquer outro tipo de objetivo. Entretanto, pode haver interessados em simplesmente destruir a rede. Esses interessados podem anunciar seu interesse em dominar a rede. Se eles forem grandes o bastante para a ameaça ser crível, espera-se pânico para vender as moedas antes que elas desvalorizem, diminuindo drasticamente o custo do ataque. Esse cenário foi derivado num framework de teoria dos jogos neste artigo.

Todavia, o Proof-of-Work é uma alternativa problemática também. Seu custo ambiental não pode e não deve ser desprezado. Digo isso porque governos estão agindo nessa direção: a China está fechando o cerco a mineradores e, dia 16, regiões do estado de Nova York, nos EUA, que possuíam a energia particularmente barata, decidiram dificultar a atividade de mineração. De fato, energia é um recurso escasso e com externalidades para o meio ambiente. Tratar com leviandade o aspecto ambiental das criptomoedas é possível, porém leva a subestimar riscos governamentais no atual contexto, no qual – felizmente – bandeiras ambientais entram no discurso político.

Dito isso, a beleza de trabalhar com criptomoedas é em parte a velocidade com que as inovações ocorrem. Há a possibilidade de um futuro mais seguro, descentralizado e ecologicamente correto com o Proof-of-Space, algoritmo baseado em armazenamento ao invés de processamento. A distribuição de moedas é dada para pessoas que possuem maior capacidade de armazenamento – os nossos conhecidos (e baratos) HDs – devotada à blockchain. Esse algoritmo de consenso reduz fortemente o consumo de energia elétrica, diminuindo os custos. De acordo com a microeconomia da mineração, isso traz maior descentralização se comparada a moedas de maior custo.

Contudo, como essa aparentemente promissora tecnologia está se saindo na prática? Na verdade, não está sequer se saindo. Sua principal representante, a Burst, amarga a 76ª maior capitalização dentre as moedas, com mercado de apenas US$ 38 milhões. Implementações críveis da tecnologia por enquanto não existem. A Burst possui o problema de sua mineração – por mais que seja barata – não ser lucrativa pelo baixo poder da moeda e pela queda rápida na sua recompensa de mineração, posto que em 2027 será virtualmente zero o retorno de minerar. A Bitcoin Ore, ideia de fork similar ao Bitcoin Gold trocando o algoritmo de mineração, sequer está na lista da CoinMarketCap e as informações na internet são escassas demais. Aparentemente o projeto não foi lançado, sugerindo certa insipiência.

O que podemos concluir de tudo isso? Há barreiras a certas inovações no meio de criptomoedas com base nos humores e consensos da comunidade. Em “A Estrutura das Revoluções Científicas”, o sociólogo da ciência Thomas Kuhn diz que a ciência evolui não somente por um acúmulo de evidências, mas principalmente com quebras de paradigmas. Apesar de criptomoedas não estarem apenas na academia, ela é uma fronteira do conhecimento. O Proof-of-Work foi um começo, porém seus custos levaram a novas ideias. O Proof-of-Stake é o atual paradigma, com inúmeras boas ideias sendo desenvolvidas sobre ele. O Proof-of-Stake se desenvolve com excelentes ideias se desenvolvendo sobre ele, como, por exemplo a Ouroboros do Cardano ou os modelos de delegação do EOS, que discutirei aqui em breve. Esse paradigma precisa de algum choque para ser superado; apesar de haver tecnologias promissoras, essas não se consolidarão sem o paradigma anterior sofrer uma crise.

Creio que posso afirmar sem sombra de dúvidas que o risco que vejo no Proof-of-Stake não é compartilhado pela comunidade. Espero, de verdade, que eu esteja sendo apenas paranoico, afinal como analista e investidor em criptomoedas, não desejo que grandes players quebrem com consequências danosas para o mercado. Entretanto, se o risco político ou similares contagiarem a comunidade, é bom saber que há uma alternativa. Mesmo que nunca se concretize, a existência do Proof-of-Space é um excelente sinal para a comunidade: ela significa maior robustez das criptomoedas a ataques regulatórios e à eventual crise de paradigma. Para saber se um ativo é uma reserva de valor válida, precisamos saber como ele se sairá em crises que surgirão para eles. Haver alternativas a Proof-of-Work e Proof-of-Stake ajuda a cercar os problemas que podem acontecer e afetar as criptomoedas, e isso, evidentemente, é ótimo e deve ser comemorado pela comunidade, por mais que a utilidade agora seja limitada.

Últimos comentários

Tradução confusa
Boa tarde, Daniel. O texto não é uma tradução. Poderia dizer a parte que está confusa para que possamos ajustar? Obrigado,
Mmmmmmmm... ele leu Thomas Kuhnnnnnnn...
@Investing.com, porque diabos esse tipo de lixo está pulando na frente dos meus gráficos?! Eu não quero ver "Por favor compre minha shitcoin!"!!
Boa tarde, Patric. Por favor, mande um email para o support@investing .com com o detalhamento do problema. O que pulou da frente do seu gráfico? Qual página ocorreu? Teria um print do problema? Obrigado
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