Nós investidores conhecemos o poder dos juros compostos.
Para ilustrar, se um jovem de 20 anos conseguir poupar e investir R$1.000,00 por mês a uma taxa média de 12% ao ano, quando ele estiver com 60 anos terá um patrimônio de R$ 9.701.773,89! Aos 70, o montante terá se tornado R$30.354.912,00, isso levando em conta apenas o aporte de R$1.000,00 mensais, sujeito a drásticas variações com o quanto mais conseguir poupar e investir.
Moral da história? O que realmente importa é o tempo, quando você tem o juros composto trabalhando pra você.
Imagine agora um cenário onde é possível usufruir da magia dos juros compostos por quase 100 anos. Parece utopia, mas foi realidade para o famoso investidor Irving Kahn.
Nascido em 1905 e tendo falecido em 2015, Irving viveu nada menos e nada mais do que 109 anos, tendo passado pela grande crise de 1929. Conhecido por usar a abordagem de investimento em valor, Kahn iniciou sua carreira como investidor em 1928.
Ele trabalhava num escritório de corretagem em Wall Street e no meio de tanta frenesi no mercado, perguntou ao escriturário da firma se alguém conseguia fazer dinheiro consistentemente com o passar do tempo.
O escriturário disse que sim, abriu os registros e foi na letra “G” de Graham. O lendário, e até então desconhecido, Benjamin Graham.
Kahn se dirigiu ao escritório de Benjamin Graham, que não ficava longe de onde ele trabalhava, e assim se iniciou sua carreira.
Irving Kahn trabalhou como assistente de Graham, que dava aulas na universidade de Columbia. Também auxiliou Graham com material estatístico para a composição de seu primeiro grande trabalho, o livro Security Analysis, que teve David Dodd como coautor da obra, e foi publicado em 1934.
Durante seus anos, Kahn conheceu vários dos famosos discípulos de Graham, incluindo Warren Buffett.
Kahn, durante sua vida, compartilhou abertamente suas observações e crenças que o tornaram um investidor de sucesso. Elas podem ser condensadas e aplicadas por qualquer indivíduo.
Para Kahn, retorno expressivo de longo prazo não deriva de uma abordagem onisciente, mãe de todas as abordagens, que sempre bate o mercado.
Invés disso, o que é requerido é um tipo singular de abordagem, desenvolvida com o tempo e consistentemente aplicada durante períodos bons e ruins, com uma inabalável mistura de confiança e humildade.
Humildade quando tudo no mundo parece estar dando certo e confiança quando as dificuldades começam a aparecer, são comportamentos que muitas vezes são ignorados, com o pensamento errôneo de que o sucesso nos investimentos naturalmente flui de um intelecto brilhante.
Os momentos mais desafiadores nos investimentos não surgem apenas quando o mercado está caindo ou subindo, eles surgem também em períodos de performance relativa inferior ou superior, como por exemplo quando os resultados de um indivíduo diferem dos resultados do mercado ou de outros investidores, em uma extensão que pode causar dúvida ou euforia.
Não podemos justificar a qualidade de nossos retornos comparando aos outros, ou olhando para as variações do passado, que já aconteceram. É fácil olhar para trás e falar o que deveria ter sido feito.
Sem a humildade e confiança necessárias, a pessoa pode ser reativa a uma gama de emoções que a desviarão do caminho racional e paciente do sucesso, impactando a performance com o tempo.
Ser um investidor de sucesso, portanto, requer um leque de qualidades que não são resumidas em um alto quociente de inteligência.
Compre empresas subprecificadas com relação ao seu valor intrínseco, e aguarde pacientemente o preço convergir para o valor, sem cair em vieses cognitivos.
Ser (SA:SEER3) um investidor é um desafio mental individual, uma batalha entre a parte racional e a parte emocional, e apenas o indivíduo em questão tem poder de influência. Não requer um ambiente estressante, onde é necessário prestar contas para chefes e clientes constantemente, perdendo qualidade de vida.
É você e seu cérebro, simples assim. Quem sabe não seja por esse motivo que Irving Kahn viveu 109 anos.