Você quer bilhões ou trilhões?
Currency Wars
Na calada da noite, o Banco Central japonês adotou um juro negativo (-0,1%) contra o risco de deflação.
Não é à toa que estamos no oposto do globo terrestre, com nossos juros de 14%, que deveriam ser 16%.
Voltando ao lado de lá, acho curioso que a medida japonesa tenha gerado ânimo no mercado chinês.
Algo me diz que os chineses não deveriam estar tão felizes com isso.
Se você leu sobre Currency Wars, nas palavras de Jim Rickards, sabe do que estou falando.
É uma briga para ver quem se apropria do crescimento global.
E, quanto mais se briga, menor esse crescimento.
M5M na paz
Por isso mesmo, hoje não vou brigar com ninguém.
Finjo até que a alta do Ibovespa tem a ver com as resoluções do Conselhão.
Barbosa anunciou uma linha de R$ 83 bi para expandir crédito, assegurando que o estímulo não coloca em risco o combate à inflação.
Naturalmente, não coloca em risco pois não existe mais combate à inflação.
As medidas de Barbosa constituem um milagre econômico. Vão gerar crescimento e não vão produzir nenhum efeito colateral.
Pergunto então: por que não fazemos com R$ 83 trilhões?
Bilhões são para amadores, trilhões são para profissionais.
Enganando a si mesmo
No Conselhão, Dilma explicou que a recriação da CPMF é a melhor solução para ajustar as contas públicas.
Só que eu e você não vamos topar mais aumento de tributos, certo?
A primeira decisão a se tomar é desvincular as receitas da União.
O Governo argumenta que não corta apenas porque não pode cortar.
Pois bem; quebramos o gesso, aumentamos os graus de liberdade e vemos o que acontece.
Segredos de nós dois
Já sei por que Tombini manteve a Selic estável em janeiro.
Não tem nada a ver com China, nada a ver com o petróleo.
Deve-se a um insight particular de Tombini, adiantando algo que os outros não poderiam saber.
Se tivéssemos um nome competente à frente do BC, sem ônus reputacional, 14,25% bastariam para controlar a inflação.
Tombini, portanto, assinou secretamente o decreto de sua própria demissão.
O Copom é uma profecia autorrealizável.
O verdadeiro desastre
Contas do Governo para o mês de dezembro foram um verdadeiro desastre, adiantado por Felipe Miranda na série Palavra do Estrategista.
Déficit primário de R$ 72 bi em dezembro, R$ 7 bi a mais do que o mercado esperava.
2015 fechou com um rombo total de R$ 111 bilhões, o pior da história.
Com esse resultado, acreditar na meta 2016 de 0,5% de superávit anunciada pelo ministro Barbosa passa a ser questão de fé.
Mas quem liga para alguns bilhões de déficit?
Já estamos pensando em trilhões que, a depender dos próximos capítulos, podem estar sob risco de calote.