Em julho, os agentes do mercado de trigo seguiram atentos ao desenvolvimento das lavouras, especialmente no Hemisfério Sul, enquanto os trabalhos de colheita estavam avançando no Hemisfério Norte. Ao mesmo tempo, esses agentes estiveram monitorando os desdobramentos do conflito entre Rússia e Ucrânia, que se acirrou após o fim do acordo de exportação de grãos pelo Mar Negro no mês. Dados da Conab divulgados em julho apontam que a produção da nova safra de trigo no Brasil está estimada em 10,42 milhões de toneladas, alta de 6,7% em comparação ao relatório de junho, mas ainda com queda de 1,2% (ou 124,7 mil toneladas) frente ao recorde da temporada anterior. A área com trigo no Brasil aumentou 11,1% frente à anterior, para 3,43 milhões de hectares. As estimativas de produtividade subiram para 3,04 toneladas/hectare frente ao relatório de junho, porém, ainda são 11,1% inferiores ao observado em 2022 (3,43 t/ha), também segundo a Conab.
Quanto às importações, a Conab reduziu em 100 mil toneladas o volume estimado no relatório de junho, gora previsto em 5,5 milhões de toneladas no período de agosto de 2023 a julho de 2024. As exportações foram mantidas em 2,6 milhões de toneladas no mesmo comparativo. O consumo está projetado pela Conab em 12,43 milhões de toneladas, apenas 0,4% maior que a estimativa da safra anterior (de agosto/22 a julho/23). A disponibilidade interna está prevista em 16,61 milhões de toneladas entre agosto/23 e julho/24, avanço de 5,3% frente à anterior.
ARGENTINA – De acordo com a Bolsa de Rosário, a previsão da área semeada com trigo no país vizinho foi novamente reduzida e será de 5,4 milhões de hectares, a menor desde a temporada 2015/16, devido ao clima seco. Com isso, a produção também recuou na comparação com o relatório anterior, para 15,6 milhões de toneladas, mas ainda deve ficar acima da registrada na safra passada.
PREÇOS – No Brasil, moinhos se abasteceram ocasionalmente em julho. Do lado vendedor, produtores estiveram mais retraídos, na expectativa de valorizações após a não renovação do acordo de exportação de grãos entre Rússia e Ucrânia. Em São Paulo, a média dos preços no mercado de lotes foi de R$ 1.356,44/t, com retrações de 6,8% na comparação com junho/23 e de 36,4% frente a julho/22. No Paraná, a média de julho foi de R$ 1.344,91/t, baixas mensal de 2,9% e anual de 38,0%. Em Santa Catarina, o valor foi de foi de R$ 1.427,88/t, retrações de 1,9% no mês e de 32,5% em um ano. Já no Rio Grande do Sul, a média de julho foi de R$ 1.312,16/t, alta de 4,1% frente à de junho/23, mas recuo de expressivos 39,6% em relação a julho/22. No mercado externo, a alta do primeiro vencimento do Soft Red Winter na Bolsa de Chicago foi de 2,6% entre junho e julho, com média de US$ 6,7751/bushel (US$ 248,94/t). Na Bolsa de Kansas, o primeiro vencimento do trigo Hard Winter subiu 2,7% em julho, a US$ 8,4173/bushel (US$ 309,28/t). Além do encerramento do acordo de exportação de grãos pelo Mar Negro, as cotações também foram impulsionadas pelo atraso da colheita do trigo de inverno nos EUA.
TRANSAÇÕES EXTERNAS – De acordo com dados preliminares da Secex, nos 21 dias úteis de julho, as importações somaram 418,54 mil toneladas, contra 499,15 mil toneladas em julho/22. O preço médio de importação em julho/23 foi de US$ 288,9/t FOB origem, 31,3% abaixo do registrado no mesmo mês de 2022 (de US$ 420,4/t). Quanto às exportações, o Brasil não vendeu ao mercado internacional em julho – em todo o mesmo mês do ano passado, o volume foi de apenas 1,3 toneladas, também segundo a Secex.
SAFRA GLOBAL – O USDA indicou que a produção mundial deve totalizar 796,66 milhões de toneladas na temporada 2023/24, recuo de 0,4% frente aos dados divulgados em junho, mas ainda 0,8% acima da produção em 2022/23. Quanto ao consumo mundial, o USDA prevê 799,44 milhões de toneladas em 2023/24 (portanto, maior que a produção global), alta de 0,8% em relação à 2022/23. Com isso, os estoques finais podem somar 266,52 milhões de toneladas, queda de 1% em relação à temporada anterior e os menores desde 2015/16.