O mercado financeiro recebe hoje os dados oficiais sobre o emprego nos Estados Unidos. Mas é a primeira vez em muito tempo que o chamado Payroll tende a ser um não evento. Isso porque a sexta-feira espremida entre o feriado pela Independência, ontem, e o fim de semana esvazia a sessão em Nova York.
Ainda assim, os investidores esperam que o mercado de trabalho norte-americano tenha, enfim, desacelerado. A previsão é de abertura de 200 mil vagas, com a taxa de desemprego seguindo em 4%, no maior nível desde janeiro de 2022. Já os ganhos salariais devem crescer à taxa anual de 3,9%, no ritmo mais lento desde junho de 2021.
Combinados, esses números significam que o mercado de trabalho nos EUA continua forte, porém com os primeiros sinais de desaquecimento, gerando em média menos de 250 mil postos de trabalho por mês. Os dados efetivos saem às 9h30 e tendem a calibrar as expectativas do mercado em relação ao Federal Reserve.
De um modo geral, números fracos reforçam a chance de corte nos juros dos EUA em setembro. Porém, dados fortes não necessariamente irão dissuadir o Fed de agir - caso as leituras de inflação continuem em trajetória de desaceleração. Por tudo isso, o payroll é, sim, o grande destaque do dia nos mercados globais.
É a vez do Brasil!
Em especial, para os ativos emergentes. Aliás, o tombo de quase 3,5% do dólar em dois dias, voltando a ser negociado abaixo de R$ 5,50, somado à devolução de prêmios na curva de juros futuros, que desfez as apostas de alta da taxa Selic neste ano, devem resultar em um novo ciclo de alta do Ibovespa - que, aliás, ainda não caiu neste semestre.
Com o mercado agora mais confiante no comprometimento do governo em cortar gastos e diante da crescente expectativa por redução dos juros nos EUA pode haver uma recuperação dos ativos locais. Ou seja, os gestores parecem estar com apetite por risco e avaliam o cardápio repleto de ações com desconto de empresas brasileiras saudáveis.
Nada muito diferente do que já se vinha dizendo por aqui, alertando para o pessimismo exagerado do mercado doméstico. A diferença é que agora os papéis brasileiros estão ainda mais amassados, e o “barato de hoje” pode “estar caro” amanhã.