É insuficiente, e é meta Grande notícia do dia, o anúncio da meta fiscal para 2014 veio dentro do esperado. De manhã falamos algo “entre 1,8% e 2,0% do PIB” no Vida PRO, veio 1,9%. Sem grandes surpresas, não há reação abrupta dos mercados, mas, olhando a coisa de forma ampla, o corte de R$ 44 bilhões nos gastos não é má notícia, mas a meta em si pode não ser suficiente para garantir a manutenção do rating soberano brasileiro. As agências de rating têm colocado grande peso sobre o indicador, e todos sabem que uma política fiscal minimamente sensata exigiria mais do que 2% de superávit. Sem esquecer que o histórico de cumprimento de metas do governo não é dos mais favoráveis. Para 2013, o compromisso era de 3,1% do PIB, mas a área econômica fazia questão de avisar que perseguiria, na verdade, uma meta de 2,3% - que não se materializou.
Há gente que acha que as eleições não têm influência alguma na elaboração da política fiscal (como disse o Mantega, por exemplo). Pois bem, ele há de concordar sobre o peso de outras variáveis... Dentre os parâmetros utilizados na meta do superávit, consta um dólar médio de R$ 2,44 para o ano, IPCA em 5,3% (a projeção do mercado está em 5,93%) e peculiaridades como a duplicação da receita esperada com leilão de bandas de celular 4G, de R$ 6 bilhões para R$ 12 bilhões. A expectativa de maior esforço fiscal do governo também pesa sobre a projeção de crescimento da economia, por exemplo, que ficou em 2,5%. Aquela mesma projeção, que na Lei de Diretrizes Orçamentárias estava em 4,5%... Calejado, o mercado traz uma aposta só um pouquinho mais contida, de 1,79% de crescimento. E quem vai pagar a conta da luz? Deixa ver se entendi... A polêmica MP 579, que mudou as regras do jogo para o setor elétrico e potencializou a crise de credibilidade do governo, teve como bandeira uma redução dos preços da energia, com desdobramentos óbvios sobre os índices de inflação. O tempo passa, o tempo voa, e... a escassez de chuvas trouxe a crise energética aos holofotes. A possibilidade de racionamento sugere consequências inevitáveis a praticamente todos os setores de economia, e a certeza de severo encarecimento de preços e - adivinha - pressão altista sobre os índices de inflação (pelo despacho das térmicas, pela disparada do preço da energia no mercado livre). Pode ser que mesmo se a MP 579 não existisse a coisa estaria na mesma, afinal, ninguém controla São Pedro (ouviu Lobão?). Mas queira ou não, a MP adicionou uma desconfiança regulatória sem precedentes às companhias e afetou o capacidade de investimento do setor. Além, é claro de derreter com algumas ações de empresas do setor. Ou seja, o que fora criado para combater a inflação passada (MP 579) vai alimentar a inflação de 2014. Brilhou! Em terra de cego... Um dia após o outro, estamos prestes a completar o primeiro bimestre de 2014. Portanto, a uma semana do Carnaval, vamos dar o pontapé em 2014 (de fato) com um enorme atraso. A Bolsa acumula perda de 8,5%, e algumas tristes constatações: - temos somente seis ações do Ibovespa com variação positiva desde a virada do ano. Seis dentre 72 ações do índice. - Valorização de dois dígitos? Dentro do Ibovespa, isso é um luxo restrito a um papel. Em horizonte mais amplo (não restrito ao Ibovespa), quem sobe dois dígitos na Bolsa brasileira neste 2014 desastroso? O que esses caras fizeram para se destacar tanto? A série Stock Picking de hoje analisa uma por uma das cinco porradas do momento. Quem fez por merecer, e quem se apoiou em algum exagero de mercado. Os exageros da Petrobras Todos conhecemos as desventuras de Petrobras (PETR4), e a falta de transparência de sua política de preços, especialmente no que diz respeito ao prejuízo com importação de combustíveis. O que poucos conhecem é o desdobramento disso sobre outros meios. Na incapacidade de repassar preços de gasolina e diesel, a estatal vem empurrando repasses irreais de preços sobre outros produtos, em uma tentativa de compensar a ingerência política. Chegou ao ponto do release de resultados da Eucatex (EUCA4), divulgado hoje, trazer uma crítica explícita à política de preços da estatal: “Petrobras tem alterado a política de preços de itens que não têm impacto direto sobre a inflação e que são importantes na composição de custos da empresa [Eucatex]. Dentre os insumos destacam-se, principalmente Solventes em geral e Ureia. Os dois têm apresentado correções de preços que não acompanham os parâmetros internacionais.” A banca paga e recebe. Um trade para dominar o mundo Já o noticiário internacional dá amplo destaque para o negócio bilionário envolvendo o Facebook e o WhatsApp. O aplicativo de troca de mensagens (e, para alguns, sacanagens) foi avaliado em US$ 16 bilhões. Com esse valor, dá para fazer um combo de Embraer, Cosan, Gol e mais metade das incorporadoras imobiliárias listadas na Bolsa brasileira, e ainda sobra um troco. Com esse troco, o Zuckerberg poderia comprar alguma companhia de colchões, e concretizar o que hoje é o principal post do Facebook e do WhatsApp, trazendo assim uma referência material de valor material às suas empresas virtuais. |
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Ou poderia vender tudo para comprar o Tinder - essa sim uma estratégia inteligente para dominar o mundo. |
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