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Uma Lição de Buffett: Ouça Quem Discorda de Você

Publicado 07.05.2013, 20:40
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A reunião anual da Berkshire Hathaway no último fim de semana não gerou muitas notícias, mas ofereceu uma grande lição aos investidores: Talvez a coisa mais importante que você pode fazer quando tudo parece estar indo bem em sua carteira é ouvir alguém que insiste que você está errado.

Para apimentar o ritual, o presidente do conselho da Berkshire, Warren Buffett, convidou alguém que apostou contra a ação da empresa — o investidor Doug Kass, do fundo de hedge Seabreeze Partners Management — para participar do painel de analistas que fez perguntas a ele e ao vice presidente do conselho, Charles Munger.

Resmungue, se quiser, que não precisou muita coragem para Buffett dar o microfone a um cético entre os mais de 35 mil devotos que atropelariam as próprias avós para beijar os seus pés se ele tirasse as meias. Reclame, como muitos já fizeram, que as perguntas de Kass não foram difíceis o suficiente.

Então pergunte a si mesmo: Quando foi a última vez que os executivos de uma grande empresa procuraram a crítica irrestrita de alguém que aposta contra as ações dela?

Para se ter uma noção do quão incomum foi o convite de Buffett a Kass, considere uma pesquisa com mais de 500 empresas feita pelo Instituto Nacional de Relações com Investidores em 2011. Ela constatou que 80% das empresas limitavam quem podia fazer perguntas durante a teleconferência trimestral para discutir resultados. Quase 25% só aceitavam perguntas de participantes "pré-aprovados". Apenas 11% permitiam que investidores individuais fizessem perguntas e só 12% diziam que o microfone estava aberto a todos.

Além disso, 76% das empresas prepararam respostas ensaiadas para perguntas que esperavam receber. Segundo a pesquisa, os discursos de abertura das reuniões feitos pelos principais executivos eram pré-gravados por cerca de uma em cada 12 empresas, porém mais de 80% delas não informavam que os comentários haviam sido pré-gravados.

Mas antes que você comece a comparar a gestão corporativa dos EUA com a de um sistema fechado como, por exemplo, o da Coreia do Norte, pergunte-se outra coisa: Quando foi a última vez que eu tentei ao máximo encontrar alguém para contestar minhas próprias ideias de investimento?

Buffett "confia em si mesmo, mas ele não tem medo de um desafio", disse Kass na semana passada. "Eu acho que ele gosta de desafios".

A busca constante e deliberada de Buffett de encontrar pessoas que lhe digam por que ele pode estar errado é uma das chaves do seu sucesso. Não é uma característica comum em investidores.

Buffett disse uma vez sobre o cientista Charles Darwin "que sempre que ele trombava com alguma coisa que contradissesse uma de suas conclusões favoritas, ele tinha que anotar o achado em no máximo trinta minutos. Caso contrário, sua mente rejeitaria a informação discordante, da mesma forma que o corpo rejeita transplantes. A inclinação natural do homem é se agarrar às suas crenças, especialmente se elas forem reforçadas por experiências recentes."

Ray Dalio, fundador do Bridgewater Associates, a maior gestora de fundos de hedge do mundo, que administra mais de US$150 bilhões, é outro que acredita veementemente na importância de desafiar suas próprias ideias de investimento.

"Quando duas partes inteligentemente discordam é que começa o potencial de aprendizado e avanço", disse Dalio na semana passada. "A coisa mais poderosa que [um investidor] pode fazer para ser eficaz é encontrar pessoas que você respeita que tenham pontos de vista opostos, diferentes [do seu] — e ter uma conversa aberta com elas sobre o que é verdade e o que fazer sobre isso."
Este princípio, que Dalio chama de "desacordo cortês", atualmente é mais importante do que nunca. Quando os mercados estão em níveis recordes, como as ações e os títulos de dívida estão hoje, os preços em alta inevitavelmente levam ao excesso de confiança e complacência.

"Quando você acha que está certo, você não sai procurando", diz Dalio. "Quanto você acha que está certo, sua mente não está aberta para aprender. Quanto mais você acha que sabe, menos sua cabeça estará aberta."

Ele acrescenta: "O erro mais comum de investimento é a incapacidade de distinguir algo que se tornou mais caro de algo que ainda é um bom investimento. Muita gente [comete] o erro de olhar para o preço para ganhar confiança, sem reconhecer que isso não faz sentido algum."

Apenas quando se busca um "desacordo cortês", diz Dalio, você pode neutralizar a falsa confiança gerada por um mercado em alta. Investidores poderiam melhorar suas chances de estarem certos em 30% ou 40% simplesmente dizendo, abertamente: "Quem discorda de mim de forma inteligente? E me explique por que", diz ele. "Eu acredito que todo mundo pode fazer isso. Eles só precisam fazer um acordo com as pessoas ao seu redor para agir dessa maneira."

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