Os M&As estão bombando na saúde. Nos últimos dois anos, o setor de saúde lidera o ranking de M&As (fusões e aquisições) e reúne as maiores operações de compra de empresas no Brasil.
De acordo com informações do site Estadão, apenas do início de 2021 até agora, foram cerca de 150 transações, que movimentaram mais de 20 bilhões de reais – mesmo com a perspectiva de desempenho fraco da economia para este ano.
Duas das maiores transações ocorreram em janeiro deste ano, entre Hapvida (SA:HAPV3) e a NotreDameI ntermédica (SA:GNDI3) – o negócio formou um gigante com valor de mercado de mais de 80 bilhões de reais.
Tanure quer comprar maioria das ações da Alliar (SA:AALR3)
Recentemente, toda a movimentação em torno de Alliar (AALR3) vem chamando cada vez mais a atenção dos investidores.
A companhia, que está em processo de compra pelo MAM Asset Management, do empresário Nelson Tanure, divulgou na segunda-feira, 14, que o fundo de investimento fez uma pesquisa com os atuais acionistas controladores e, pelo levantamento, das 57,009.219 ações atualmente em posse do bloco controlador, 50.154.878 devem ser vendidas, o que representa 42,3 por cento do total de ações da Alliar e 87,9 por cento do total em posse dos controladores. As informações foram divulgadas pelo BDM Lite.
Atualmente, Tanure detém uma fatia de 27,6 por cento na Alliar. Caso os integrantes do bloco de controle firmem o contrato para venda, o empresário terá de estender a proposta aos acionistas que estão fora do bloco de controle, numa OPA, pelos mesmos 20,50 reais oferecidos inicialmente.
Máquina de aquisições
Outra máquina de aquisições é a Rede D'Or São Luiz SA (SA:RDOR3), dona dos hospitais São Luiz. Pouco mais de um ano depois do IPO, observamos que a companhia vem executando com maestria os objetivos apresentados no prospecto: 50 por cento dos recursos destinados para a construção de novos hospitais e expansão de unidades existentes, e os outros 50 por cento para a aquisição de novos ativos, como hospitais, clínicas e corretoras de seguros de saúde. Ou seja, reforçando uma característica principal que é buscar crescimento (seja ele de forma orgânica ou inorgânica).
Aquisições pós-IPO. Fonte: Rede D'Or (SA:RDOR3) e Nord Research
Esse último objetivo, inclusive, é o que está movimentando os noticiários da Rede D’Or. A empresa anunciou 17 (isso mesmo, DEZESSETE) aquisições de hospitais espalhados pelo Brasil, aumentando ainda mais a sua área geográfica de atuação e suas perspectivas de crescimento de receitas nos próximos anos.
Além do potencial crescimento de receitas com o aumento no volume de atendimentos e da complexidade dos procedimentos realizados nessas novas unidades, em sua estratégia de integração, a Rede D’Or também consegue obter retornos que são gerados por ganhos de escala e por efeitos de sinergia com a otimização dos custos operacionais.
Com as aquisições, a empresa adicionou 2.213 novos leitos para as suas operações e ultrapassou a marca de 10 mil leitos em suas unidades, chegando a um total de 10.128. Pelos hospitais, a Rede D’Or pagou, em média, 8,5x Ebitda e aproximadamente 1,95 milhão de reais por leito. Os grandes destaques foram para a aquisição de 51 por cento da Biocor pelo valor de 383 milhões de reais e para a conclusão da compra total do Hospital Aliança, em que foram pagos 230 milhões de reais pelos 20 por cento restantes.
Além dos hospitais, a Rede D’Or acabou de adquirir a seguradora SulAmérica (SA:SULA11), uma das mais tradicionais do País. O negócio avaliado em 15 bilhões de reais, em fevereiro deste ano, é a maior aquisição da rede de hospitais desde sua estreia na B3 (SA:B3SA3). A transação entre as companhias é vista por ambas as partes como uma grande oportunidade de consolidação no mercado de saúde brasileiro.
Sobre as estratégias, neste primeiro momento, ambas esperam acelerar o crescimento de seus negócios, que continuarão sendo geridos de forma independente. Para a Rede D’Or, mais especificamente, nosso analista disse que pode representar a entrada em novas regiões, novos negócios, novos nichos econômicos e o mais importante: destravar o crescimento de novos serviços que a empresa já estava buscando acelerar, como serviços de oncologia, laboratórios de exames, entre outros.
A conclusão da operação ainda depende de aprovação das assembleias — o que não deve ser um empecilho — e também de órgãos reguladores como a ANS, CADE, Susep e inclusive o Banco Central, por conta da administradora de recursos que a Rede D’Or possui. Ou seja, é um processo lento, mas que provavelmente até o final do ano deve ser concluído.
Oportunidade em Amil
Recentemente, outra possível aquisição foi veiculada à empresa, a da Amil, operadora de planos de saúde com 5,7 milhões de beneficiários e que também possui uma rede com 18 hospitais e 2,7 mil leitos. Assumindo o valor de 2 milhões de reais por leito (muito próximo da média paga pela Rede D’Or em suas aquisições), somente a operação hospitalar da empresa pode valer cerca de 5,4 bilhões de reais.
Além do interesse nos hospitais da Amil, uma possível compra de toda a empresa para desenvolver uma operação de saúde verticalizada (sem deixar de atender outros planos) também é cogitada como hipótese para a Rede D’Or. Porém, como não temos nenhuma declaração oficial por parte das empresas envolvidas, ainda é apenas uma especulação e, de acordo com nosso analista, precisaremos aguardar para saber se existe realmente a possibilidade da aquisição.