Na última segunda-feira (04) o preço do Bitcoin ultrapassou a marca de US$42,000.00, atingindo seu recorde de preços no ano de 2023. O criptoativo retornou a uma faixa de negociação não vista desde abril de 2022, mês que antecedeu o colapso da Terra Luna, caso emblemático que abalou o mercado de criptomoedas, desencadeando o início de um dos mais rigorosos bear markets da história.
A expectativa pela inversão na curva de juros americana, com o FED mais dovish, aliada a iminente aprovação de um ETF à vista de Bitcoin nos Estados Unidos, com boas possibilidades de ocorrer entre os dias 05 e 10 de janeiro de 2024, são fatores que certamente impulsionaram o movimento de alta no curto prazo.
“Na macroeconomia temos visto declarações do FED sinalizando uma atuação mais dovish (com tendência a corte de juros e aquecimento da economia em 2024). Depois de mais de 10 aumentos seguidos na taxa de juros, o FED parece estar próximo de inverter sua curva de juros. E a precificação deste movimento fortalece os mercados de renda variável, incluindo o Bitcoin”
Um terceiro fator, porém, deve ser destacado quando analisamos toda a alta de 2023: o choque de oferta x demanda nas exchanges. Consequência de uma retirada massiva e crescente de Bitcoins desde o início do ano de corretoras centralizadas (CEX) para wallets, voltadas à manutenção do ativo para longo prazo.
Na minha visão, este é um fator preponderante para a alta observada de +150% do Bitcoin no ano de 2023, que junto com o halving programado para 2024, trazem um impacto muito mais importante que o próprio ETF à vista.
“Sendo um ativo escasso, o preço do Bitcoin é guiado predominantemente pela sua oferta x demanda no mercado. Parece simples, mas quase sempre é muito difícil medir exclusivamente este fator, em tempo real, vislumbrando movimentos de curto prazo.”
Quando se trata de médio prazo, porém, a história é outra. E fatores diretos que atuem de forma mais intensa na relação de oferta x demanda do ativo, como os observados desde o começo do ano (retirada massiva de exchanges) e o próprio halving em 2024, inevitavelmente trazem repercussões em seu preço real de mercado, excluindo os ruídos de curto prazo. Estes são, verdadeiramente, os principais responsáveis pela alta do Bitcoin em 2023. Independentemente de um cenário favorável ou não à aprovação de ETFs.
“Quando se trata de médio prazo, a coisa fica muito mais previsível. Fatores como a retirada massiva de Bitcoins das exchanges, em níveis históricos e crescentes, que ocorrem desde o começo do ano, seriam naturalmente refletidos na relação de oferta x demanda do ativo, e consequentemente no seu preço. Esta “consequência” chegou para o bitcoin no último trimestre de 2023, mas foi sendo “construída” muito antes. Isso independe da aprovação de um ETF.”
Sendo assim, a valorização do Bitcoin em 2023 reflete verdadeiramente os seus fundamentos, como um ativo cíclico e escasso.
Quando excluímos os ruídos de curto prazo, perfeitamente normais para um ativo com menos de 15 anos de criação, temos algo extremamente sólido, cíclico e previsível, que caminha para se tornar uma reserva de valor global.