Como vocês sabem, a Empiricus nasceu em um novembro, de 2009.
Novembro está chegando ao fim – este mês conturbado para o mercado americano, ao mesmo tempo em que alimenta esperanças para nós, Chicago Boys tupiniquins.
E como Richard Thaler bem lembrou no aniversário de nove anos da Empiricus, os Chicago Boys não são mais garotos. Eles envelheceram!
Seus superpoderes ainda funcionam para tratar de problemas ultrapassados, mas não sei se eles conseguiriam responder sobre o valuation esticado das tech stocks de Wall Street...
Por sorte, as mazelas brasileiras são ainda clássicas, quilômetros de distância de qualquer fronteira do conhecimento. Embora seja prazeroso, nem precisamos estudar economia comportamental por enquanto; o núcleo do arcabouço micro e macro nos basta. Gráficos de oferta e demanda.
Então, aconteceu de alguém me perguntar no evento de nove anos se não deveríamos sugerir para o Paulo Guedes inaugurar uma “Nudge Unit” em Brasília, seguindo o exemplo de David Cameron no Reino Unido.
Olha, confesso que foi tentador dar uma resposta educada, inteligentinha, mas seria tão polida quanto desonesta.
O governo brasileiro não tem as mínimas condições de pensar em “Behavioural Insights Team” no momento. Galera lá precisa aprovar reformas, reduzir déficit, fazer o básico do básico.
Antes de colar um adesivo de mosca nos mictórios do aeroporto de Brasília, precisamos orientar as pessoas a parar de mijar na rua.
A despeito de a temática do Thaler ter sido intelectualmente brilhante, e de ele ser o Nobel dos sonhos a dançar conosco nesse doce baile de aniversário, as recomendações mais práticas para o momento vieram de outra personalidade do evento: Pedro Malan.
Pelo bom papo, eu chamaria o Thaler para tomar uma cerveja, mas recrutaria o Malan para cuidar de nossa vida pública. O Thaler brinda e o Malan paga a conta.
Sem demérito algum, mas o Malan nunca vai ser Prêmio Nobel. Em compensação, ele já conquistou um feito muito mais útil para os milhares de leitores que nos acompanham e que desejam enriquecer junto com uma melhora econômica do Brasil.
Malan ocupou aquilo que Thomas Traumann acertadamente descreveu como “O Pior Emprego do Mundo”.
Um emprego no qual qualquer sujeito de bem envelhece nove anos em nove meses.
Quem sabe o Paulo Guedes consegue provar uma exceção à regra e sair de lá mais novo do que entrou, com a reforma da Previdência debaixo do braço.
De resto, estamos loucos de vontade de estrear uma Nudge Unit em Brasília, loucos de vontade de estrear na Nasdaq.
Faremos tudo isso assim que terminarmos de pagar a pilha de boletos que se acumulam em nossas mesas, todos esses boletos vencidos, dos últimos nove anos.