Salvo algum fenômeno raro, como um meteoro que teria aniquilado os dinossauros da Terra, o Ibovespa deve encerrar novembro com o melhor desempenho desde a pandemia - outro evento extraordinário na história da humanidade. Ou seja, a alta de quase 12% acumulada pela bolsa brasileira apenas neste mês é atípica e, portanto, difícil de se repetir.
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Aliás, o principal índice acionário do mercado doméstico ainda não fechou nenhum mês neste ano com valorização de dois dígitos. Junho foi o que passou mais perto disso, com ganhos de 9,00%. A última vez em que registrou um aumento superior a 10% foi há exatos três anos, justamente em novembro de 2020, quando avançou 15,90%.
De lá para cá, os tombos foram maiores que as subidas, com destaque para o ano passado, com quedas de dois dígitos em abril (-10,10%) e em junho (-11,50%). Já em 2023, entre agosto e outubro, houve uma debandada dos investidores estrangeiros das ações brasileiras, encolhendo os ganhos do Ibovespa no ano até então para apenas 3%.
Neste mês, que ainda nem acabou, os gringos ingressaram com mais de R$ 10 bilhões na renda variável nacional, elevando o superávit no ano para quase R$ 20 bilhões. Não por acaso, a alta do Ibovespa em 2023 ultrapassa 15%. Porém, como se sabe, torturados, os números dizem qualquer coisa. O importante, então, é entender o significado desses sinais.
Números x Palavras
Daí, então, fica a dúvida quanto ao desempenho do Ibovespa nesta reta final - a cerca de um mês do Natal. A começar por esta sexta-feira (24), que terá um pregão a meio mastro em Nova York, onde as bolsas fecham mais cedo, às 15h (de Brasília), mantendo a liquidez baixa, enquanto o mercado de bônus (Treasuries) vai até as 16h. O índice PMI da Markit sobre a atividade nos Estados Unidos está na agenda (11h45).
Ontem, o Ibovespa “subiu no vácuo”, renovando o maior nível desde meados de julho de 2021 em meio a um volume financeiro 45% abaixo da média para o mês. Ainda que sem a ajuda externa, a bolsa brasileira confirma a preferência por ativos emergentes, em especial, ações da América Latina. Entre elas, se destacam Petrobras (BVMF:PETR4) (PETR3 (BVMF:PETR3); PETR4) que, aliás, repercute hoje o plano estratégico de US$ 102 bilhões.
Faltando apenas cinco pregões para o fim de novembro e levando-se em conta a série histórica, cair é muito mais fácil - e rápido - do que subir. Mas talvez este fato fique para outro dia, considerando-se o sinal positivo vindo dos mercados internacionais nesta manhã. A exceção fica com o petróleo, pressionado pelas incertezas em torno do cartel da Opep.
Com isso, os investidores mostram apetite por risco, antecipando o rali de Natal no mês da Black Friday, à espera de mudança na narrativa dos bancos centrais, em especial do Federal Reserve. A aposta de corte nos juros dos Estados Unidos daqui a seis meses, abrindo espaço para uma queda mais profunda da taxa Selic, alimenta essas compras.
A esperança é de que não haja nenhuma frustração com o presente a ser entregue pelo Fed e pelo Copom na última “Super Quarta” deste ano, duas semanas antes do Natal. Qualquer mensagem dura (“hawkish”) terá de ter mais força do que os números para abalar a convicção dos mercados. Quem sabe um meteoro cause menos estrago.