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Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A 2C Energia, joint venture da trading Czarnikow (CZ) com o grupo CMAA do setor de açúcar e etanol no Brasil, vai avançar em novos empreendimentos de energia renovável no país, com planos de ofertar em 2026 sistemas com bateria para a irrigação de lavouras brasileiras, disseram executivas da companhia à Reuters.
Além disso, a 2C avalia expandir sua atuação como comercializadora de energia no Brasil para outros países, em movimento que ressalta a diversificação da CZ, trading que detém cerca de 13% do mercado global de açúcar e responde por 25% da originação do adoçante no Brasil.
No país, a 2C já atua com projetos de geração distribuída de energia renovável, com investimentos de R$200 milhões. Após ter inaugurado sua primeira unidade em meados deste ano, a empresa conectou outros quatro empreendimentos e constrói mais dois, com previsão de entrada em operação ainda em 2025, totalizando capacidade de 40 megawatts (MW) na modalidade GD.
Para o agronegócio, projetos de geração solar acoplados a baterias estão em desenvolvimento pela 2C, que prevê os primeiros sistemas em operação na primeira parte de 2026, com investimentos iniciais de mais R$200 milhões --a companhia também terá essa solução para indústrias.
"O agro está no nosso DNA, e a nossa ideia é avançar em soluções de energia para o agro", disse a gerente de Energia da 2C, Clarissa Petrarchini Gonçalves, citando a histórica relação da CZ com o setor de açúcar.
A empresa anunciou anteriormente planos de construir um parque solar com investimentos de R$1,2 bilhão até 2029, visando ofertar energia renovável para um projeto de fertilizantes verdes.
A head de Energia da CZ e diretora da 2C, Gabriela Andri, destacou o potencial da solução de energia solar para carregar baterias em projetos de irrigação em áreas remotas, sem conexão com o sistema elétrico, onde a eletricidade acaba sendo um gargalo para a irrigação das safras.
"Está cheio de Estado que tem a agricultura como base, que teria como irrigar, mas não faz agricultura irrigada porque a linha (de distribuição) não chega", disse Andri, citando áreas do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
Reportagem da Reuters, publicada em fevereiro deste ano, indicou que o agronegócio brasileiro já está testando sistemas com baterias.
Os sistemas poderiam atender fazendas situadas em áreas onde a rede elétrica ainda não chegou, permitindo a substituição de geradores a diesel, por exemplo. Mas eles poderiam também ser instalados em regiões onde a oferta de eletricidade não é suficiente para mover um projeto de irrigação, ou mesmo poderiam ser complementares em regiões com oferta de energia.
As executivas evitaram divulgar os custos dos projetos, mas ressaltaram que a maior oferta de baterias, em meio a um aumento na produção dos equipamentos pela China, reduziu os preços.
E disseram que os projetos têm custos muito mais competitivos e são mais sustentáveis em termos ambientais do que o uso de geradores a diesel. Também são mais vantajosos do que projetos que envolvam a construção de rede e subestação --geralmente, o agricultor que requer rede junto à distribuidora tem que pagar uma parte considerável do empreendimento.
COMERCIALIZAÇÃO NO EXTERIOR
A mesa de comercialização de energia da 2C marca a primeira iniciativa da Czarnikow no segmento, que pode ser expandida para outros países.
"Estamos agora em processo de avaliar outros potenciais lugares para termos mesas de comercialização de energia. No momento, estamos olhando com mais intensidade Colômbia, Peru e Filipinas", disse Andri.
A 2C, que representou também o ingresso da CZ no setor de geração de energia renovável --a trading tem 34% na 2C-- possui ainda outros planos no setor, incluindo o projeto de geração solar centralizada no Maranhão de 400 MW, que ocuparia uma área de mil hectares para eventualmente abastecer uma unidade de produção de hidrogênio verde -- matéria-prima para produção de fertilizantes sustentáveis.
Sobre a planta de hidrogênio, a empresa está em fase de conversas com os interessados. Para financiar os projetos, a 2C deve trabalhar com recursos de bancos de fomento ou privados e também dos acionistas, disseram as executivas.
(Por Roberto Samora)