Abiove mantém recorde no embarque de soja do Brasil, mas receita cai à mínima em 4 anos

Publicado 19.03.2025, 15:57
Atualizado 19.03.2025, 16:00
© Reuters. Colheita de soja em Ponta Grossa

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - Com a colheita de uma safra recorde de soja em estágio avançado no Brasil, a expectativa se mantém de que os volumes exportados sejam recordes com folga em 2025, mas as receitas geradas com os principais produtos terão uma mínima em quatro anos, por conta de preços mais baixos, estimou nesta quarta-feira a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

A Abiove, que representa tradings e indústrias, revisou nesta quarta-feira sua previsão da receitas com as exportações do complexo soja (grão, farelo e óleo) para US$51,57 bilhões de dólares, queda de 3% em relação à projeção do mês anterior e redução de mais de US$2 bilhões ante 2024.

O montante será o menor volume desde o registrado em 2021 (US$48 bilhões), com as cotações globais pressionadas por grandes safras no Brasil e outras nações, o que trazem expectativa de estoques finais globais em volumes recordes em 2024/25, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). Além disso, a guerra comercial EUA-China é recorrente fator de pressão para a bolsa referencial de Chicago, já que limita a demanda pelo oleaginosa norte-americana.

As exportações de soja do Brasil em 2025, segundo a Abiove, deverão atingir recorde de 106,1 milhões de toneladas, estáveis na comparação com a previsão do mês passado, mas uma alta de mais de 7% ante 2024, superando a máxima histórica vista em 2023 (101,86 milhões de toneladas).

O país é o maior produtor e exportador global de soja, que nos últimos anos foi o principal produto da exportação do Brasil, com exceção de 2024, quando o petróleo tomou o posto da oleaginosa em grão na liderança das receitas exportadores do país.

No ano passado, a queda nos volumes embarcados, após a quebra de safra, além dos preços menores, colaboraram para as receitas com as exportações do complexo soja (grão, farelo e óleo) caírem cerca de 25% ante 2023, segundo dados da Abiove.

Para 2025, a Abiove também projeta um processamento recorde de soja do Brasil, estimado em 57,5 milhões de toneladas, o que deverá gerar mais produção de farelo e óleo, contra 55,8 milhões de toneladas em 2024.

SAFRA MAIOR

O crescimento das exportações e do processamento de soja do Brasil deverá ser possível com uma safra histórica de 170,9 milhões de toneladas, o que representaria um crescimento de 16,5 milhões de toneladas na comparação com o ciclo anterior, principalmente com a recuperação das produtividades na maioria das regiões após uma colheita frustrada pelo clima no ano passado.

A Abiove reduziu em 0,5% sua previsão de safra de soja do Brasil em 2025 em sua revisão mensal. 6022de farelo de soja.

Apesar de uma reavaliação no processamento de soja em 2024, ainda sobrou mais soja do que o previsto, o que resultou em aumento de 1 milhão de toneladas nos estoques iniciais do grão em 2025, para 4,14 milhões de toneladas.

Os estoques finais de 2025 também foram ampliados em 1,6% ante o levantamento do mês passado, para 9,1 milhões de toneladas, após a Abiove manter as estimativas de exportação e processamento de soja do Brasil em patamares recordes.

FATOR BIODIESEL

As estimativas de produção, o consumo interno e a exportação de farelo de soja também não foram alteradas em relação ao mês passado.

Mas a Abiove elevou a previsão de exportação de óleo de soja em 27,3% em relação à estimativa de fevereiro, para 1,4 milhão de toneladas, após o governo brasileiro decidir pela manutenção da mistura de biodiesel no diesel em 14%.

A expectativa era de um aumento na mistura para 15% a partir de março, algo que não aconteceu com o governo citando preocupações inflacionárias relativas aos preços dos alimentos --o óleo de soja é a principal matéria-prima do biodiesel, respondendo por cerca de 74% do total em 2024.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse ao fazer o anúncio em fevereiro que a mistura será mantida em 14% até o governo ver resultados nos preços dos alimentos, tema que tem afetado a popularidade do presidente Lula.

Se elevou a previsão de exportação, a Abiove cortou em 3,8% a estimativa de consumo de óleo de soja no Brasil em 2025, para 10,1 milhões de toneladas.

Em 2024, segundo dados da agência reguladora ANP, mais de 7 bilhões de litros de óleo de soja foram destinados à produção de biodiesel.

(Por Roberto Samora)

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