Agricultores poloneses despejaram 5 toneladas de estrume na casa do presidente da câmara baixa do Parlamento do país, Szymon Holownia, nesta 4ª feira (20.mar.2024). Os manifestantes, em linha com outros protestos do setor na Europa, organizaram atos nacionais, bloqueando estradas de acesso à capital, Varsóvia.
Os agricultores da província polonesa de Podlakia também penduraram cartazes na cerca da propriedade, chamando o presidente da câmara de “Traidor do campo polonês”. Segundo Holownia, ele não reside mais no local, apenas seus pais.
“Depois de algo assim, eles provavelmente nunca mais se sentirão seguros lá. Acuse-me, mas não acuse meus pais, porque eles não têm nada a ver com isso”, disse Holownia a jornalistas.
Os protestos desta 4ª feira (20.mar) se opõem às políticas ambientais da UE (União Europeia) e às importações agrícolas da Ucrânia. Os manifestantes afirmam que as importações vindas do país em guerra estão afetando seus lucros.
#ProtestRolnikow w Gdańsku. Na Placu Solidarności setki osob. Protestujący mają nawet swój “czołg”. @OnetWiadomosci pic.twitter.com/ydE9IZyvHn— Piotr_Olejarczyk (@Olejarczyk_Onet) March 20, 2024
Estima-se que até 70.000 manifestantes estejam envolvidos em bloqueios em 570 locais, incluindo acesso às principais cidades e cruzamentos de fronteira com a Ucrânia.
Reprodução / Google (NASDAQ:GOOGL) Mapa criado por manifestantes mostra supostos pontos bloqueados pelos agricultores poloneses nesta 4ª feira (20.mar) Ainda nesta 4ª feira (20.mar), o Parlamento Europeu anunciou um acordo com o Conselho Europeu para estender por mais 1 ano a suspensão temporária das tarifas de importação e cotas sobre as exportações agrícolas da Ucrânia para a União Europeia. O prazo agora vai até 5 de junho de 2025.
No entanto, segundo o Parlamento, medidas de proteção para os agricultores da UE também foram incluídas no acordo, como um mecanismo de emergência para produtos agrícolas especialmente sensíveis, como aves, ovos e açúcar.
Entenda
Agricultores de pelo menos 8 países da Europa estão, desde o começo de janeiro, bloqueando estradas e realizando atos contra medidas impostas sobre o setor. Os atos são motivados, em grande parte, pela insatisfação com decisões que dão prioridade a ações de combate à crise climática, aumentando os custos dos produtores. Os trabalhadores exigem apoio financeiro de seus governos.
Já foram registrados protestos em nações como Alemanha, França, Itália, Bélgica, Polônia, Romênia e Lituânia.
Uma das queixas é com relação ao Pacto Ecológico Europeu, um conjunto de medidas que, segundo a UE, busca colocar o bloco “na via rumo a uma transição ecológica, com o objetivo último de alcançar a neutralidade climática até 2050”.
Os agricultores também têm reservas quanto aos acordos de livre comércio com países de regiões fora da UE, como o que vinha sendo negociado entre europeus e os países do Mercosul.
Em dezembro de 2023, durante a COP28, o presidente da França, Emmanuel Macron, criticou o acordo: “Não posso pedir aos nossos agricultores, aos nossos industriais na França, e em toda a Europa, que façam esforços para descarbonizar, para sair de certos produtos, e depois dizer que estou removendo todas as tarifas para trazer produtos que não aplicam essas regras”.
Os atos de agricultores são realizados meses antes das eleições ao Parlamento Europeu, que serão realizadas de 6 a 9 de junho de 2024. Eleitores dos países que integram a UE escolherão seus novos representantes. Contra os acordos de livre comércio com países fora da Europa, os trabalhadores tentam influir no processo para que sejam eleitos candidatos que apoiem essa pauta.