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Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - Os produtores do Brasil deverão aumentar em cerca de 500 mil hectares a área plantada com soja em 2025/26, em um ritmo mais lento do que em anos anteriores, estimou o presidente da Agroconsult, André Pessôa, em evento do setor em São Paulo nesta terça-feira.
O crescimento esperado no plantio de soja no Brasil, maior produtor e exportador global, acontecerá na próxima safra mesmo com uma recuperação projetada na área de milho verão no Sul do país, onde o cereal compete com a oleaginosa em algumas regiões.
"A nossa expectativa é que vamos ter um retorno de área de milho verão no Sul do Brasil, que perdeu muita área para a soja. Mas vamos observar ainda um crescimento residual da soja do Brasil neste ano", disse Pessôa, referindo-se à temporada de plantio que começa em setembro em algumas áreas.
Na temporada 2024/25, o Brasil plantou um recorde de 47,8 milhões de hectares, segundo números divulgados pela Agroconsult ao final de março, aumento de cerca de 1 milhão de hectares ante o ciclo anterior.
A Agroconsult avalia também que os preços do milho devem ficar sustentados e estimular aumento da área de segunda safra em 25/26, guiados por firme demanda interna, incluindo para produção de etanol, e para exportação.
Já o crescimento da soja acontecerá em áreas arrendadas ou compradas que antes tinham pastagens, no Centro-Oeste ou Nordeste
"O crescimento não será no ritmo que crescemos em safras anteriores, em algumas crescemos acima de 2 milhões de hectares", disse Pessôa. "Mas algo como 500 mil hectares teremos, mesmo com aumento do milho verão."
O especialista disse que o Brasil deverá produzir mais soja e milho na próxima temporada, se o clima favorecer as produtividades.
Na temporada atual, o Brasil produziu um recorde de 172,1 milhões de toneladas de soja, segundo dados da Agroconsult.
"Vamos produzir um pouco mais de soja...", disse Pessôa, citando que o principal problema para o avanço é taxa de juros, que está alta e atua como inibidor de investimentos.
"Mas vamos continuar crescendo as duas culturas."
No mesmo evento, a CEO do Rabobank Brasil, Fabiana Alves, concordou com a possibilidade de aumento da safra, apesar de citar que os produtores do Brasil enfrentam um custo financeiro maior, em meio a elevados níveis de alavancagem.
Ela comentou também que há preocupações trazidas para os credores por um aumento nas recuperações judiciais no setor, no último ano.
(Por Roberto Samora)