FRANKFURT (Reuters) - A E.ON, maior elétrica da Alemanha, abandonou planos de desmembrar suas operações nucleares no país, cedendo à pressão política para manter a responsabilidade sobre bilhões de euros em custos com o descomissionamento das usinas atômicas quando estas forem ser desligadas.
O movimento, que jogou as ações da E.ON para uma mínima em 20 anos, é um enorme golpe sobre o plano de reestruturação do grupo por meio da criação de uma unidade de negócios separada, chamada Uniper, para reunir suas usinas de energia, operações de comercialização de eletricidade e petróleo e atividades de gás.
Com isso, a E.ON fica com uma conta de 16,6 bilhões de euros (18,6 bilhões de dólares) em provisões necessárias para custear o desligamento de suas usinas nucleares, as quais a Alemanha está eliminando progressivamente.
As provisões podem limitar investimentos vitais de que o grupo precisa para manter seus principais negócios em seguida à cisão --as áreas de renováveis, redes e serviços, que a E.On chamou de pilares de um novo mundo da energia.
A E.ON disse que incluir suas usinas nucleares na Uniper, que deve ser lançada no próximo ano, não faz mais sentido depois de mudanças regulatórias recentes, admitindo que o desmembramento como um todo pode até mesmo ser adiado.
O governo alemão propõs uma lei na última semana que pretende evitar que as elétricas fujam de custos com o desligamento de usinas nucleares por meio de reestruturações corporativas.
As últimas usinas nucleares da Alemanha devem ser desligadas em 2022, em resposta ao desastre de Fukushima, no Japão.
(Por Christoph Steitz; reportagem adicional de Harro ten Wolde em Frankfurt e Tom Kaeckenhoff em Duesseldorf)