Investing.com - As tensões no mercado chinês deram o tom da semana nas bolsas mundiais e arrastou a Bovespa para o menor patamar desde 2009. A sequência de dados ruins da economia da China e a suspeita dos investidores de que a paralisação do país possa ser pior do que o previsto e anunciado pelo governo fez com que as ações tivessem forte queda, apesar da intervenção dos órgãos locais.
Uma das causas – e também consequência – da crise foi a forte desvalorização do iuan pelo governo, o que foi entendido como uma medida desesperada para manter a economia. Na noite de quinta-feira, as bolsas chinesas suspenderam o circuit break e, hoje (8/1), o mercado chinês acalmou e fechou em alta, com valorização do iuan. Operadores sustentam que ainda há manipulação oculta do governo na moeda.
Mercado Financeiro
Bovespa. O Índice perdeu 6,2% na primeira semana do ano, fechando aos 40.650 pontos.
Dólar. Com tensões no front externo, a moeda norte-americana se valorizou e fechou a semana cotada a R$ 4,025, alta de 1,6%.
Tesouro Direto. As oscilações do mercado também atingiram a renda fixa e por duas vezes na semana o Tesouro Nacional interrompeu as operações do Tesouro Direto por forte volatilidade nas taxas.
Petrobras. A ação da principal empresa brasileira tomou um tombo na quinta-feira após notícias de que seu presidente, Aldemir Bendine, teria participado de esquema para beneficiar a OAS enquanto estava à frente do Banco do Brasil (SA:BBAS3). As ações preferenciais (SA:PETR4) caíram até a mínima de R$ 6,08, uma desvalorização de 77% desde a megacapitalização em 2010. Na semana, a ação fechou 6,27, -6,4%.
TOV. O Banco Central determinou a liquidação extrajudicial da corretora TOV, envolvida em desvios e operações duvidosas.
Commodities
Petróleo. Com as incertezas da China, as commodities mantiveram a tendência de queda e o petróleo renovou novas baixas. O barril da Opep chegou a ser negociado a US$ 27,85, menor valor desde 2003. Na semana, o WTI perdeu 10,7%, a US$ 33,10, e o Brent, US$ 33,50, a -10%.
Aço. Após uma semana impactado pela perspectiva ruim de demanda vinda da China, a gigante Baosteeel anunciou que elevará os preços a partir do próximo mês, indicando aumento da procura por aço. As siderúrgicas ganharam fôlego na bolsa após uma semana negativa, com a notícia de que técnicos do governo rejeitaram a taxação de importação de aço.
Soja. As chuvas no Centro-Oeste prejudicaram a colheita no Mato Grosso, principal área produtora do país. Na semana, diversas consultorias reviram suas projeções para a safra brasileira. Adido dos EUA rebaixou para 98 milhões de t, AGR Brasil elevou para 101,1 milhões de t, FCStone reduziu para 97,84 milhões de t e a Informa manteve em 101,4 milhões de t. Os produtores também pediram para o governo brasileiro apresentar queixa contra os EUA na OMC.
Cana de açúcar. A consultoria Datagro elevou para o intervalo entre 610 e 630 milhões de t a previsão de colheita dessa safra.
Energia Elétrica. A recessão do país reduziu a demanda por energia, especialmente das indústrias, que consumiram 8,9% a menos em novembro. A estimativa do ONS é de que a demanda siga em queda em janeiro, com consumo 4,5% menor.
Indicadores Econômicos
Indústria Automobilística. A Anvafea divulgou que a produção de carros desabou 22,8% em 2015 na comparação com o ano anterior. O setor poderá ser beneficiado por novo pacote de incentivos do governo. A expectativa de vendas desse ano, segundo a Fenabrave, é de queda, da ordem de 6%. Nos EUA, por outro lado, as vendas de automóveis bateram recorde histórico.
Juros nos EUA. O diretor do FED, Stanley Fischer, disse que quatro altas de juros pelo banco central norte-americano este ano é um número perto das expectativas dele.
Indústria. A produção caiu 2,4% em novembro na comparação com outubro, segundo o IBGE. A greve dos petroleiros e a interrupção das atividades da Samarco contribuíram para a queda.
Inflação. O IPCA fechou 2015 a 10,67%, estourando o teto de meta, de 6,5%, pela primeira vez desde 2003. O IPC-S acelerou para 0,99% na primeira quadrissemana de janeiro. O IGP-DI reduziu em dezembro, mas fecha o ano a 10,7%. O IPC-Fipe subiu 0,82% em dezembro, encerrando 2015 a 11,07%. Em café com jornalistas, a presidente Dilma afirmou que o governo trabalha para a inflação voltar à meta.
Swap. As operações do Banco Central para manter a estabilidade da moeda custaram R$ 89,7 bilhões ao país em 2015.
Fluxo cambial. O BC divulgou que o ano fechou positivo em R$ 9,414 bilhões.
Balança comercial. No ano passado, houve superávit de US$ 19,7 bilhões com forte queda nas importações, maiores que as das exportações.
Poupança. 2015 fechou com o pior resultado em 20 anos com retirada líquida de R$ 53,568 bilhões.
Política mundial
Coreia do Norte. O isolado país asiático realizou um teste nuclear subterrâneo e afirmou se tratar de uma bomba de hidrogênio, informação que causou descrença nos EUA. O país foi duramente criticado e o Conselho de Segurança da ONU realizou uma reunião de emergência e deverá anunciar novas sanções contra o país.
Irã e Arábia Saudita. A execução de um clérigo xiita pelo país árabe foi o estopim para a escalada de tensões entre os países rivais, que romperam relações. Nações majoritariamente sunitas, aliadas à Arábia Saudita, colocaram pressão sobre o Irã e suspenderam relações.
Regulação de Armas. O presidente norte-americano, Barack Obama, anunciou novas medidas para a compra de armasno país, como uma resposta aos atentados realizados especialmente em escolas e universidades.
Tecnologia.
Yahoo. A empresa deverá anunciar corte de 10% de sua força de trabalho.
Netflix. O streaming poderá ser acessado em mais de 130 países, anunciou a companhia.
Apple. A produção de iPhones deverá ser reduzida em 30% pela baixa demanda.