SÃO PAULO (Reuters) - O avanço dos chineses sobre ativos no setor elétrico do Brasil, com participação em licitações e aquisições de empresas do segmento, levou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a abrir uma licitação para contratar serviços de tradução de documentos em mandarim.
A contratação em andamento, que envolverá ainda traduções simples e juramentadas de inglês, espanhol, francês e chinês para o português e vice-versa, vem em um momento em que o Brasil busca atrair investimentos estrangeiros para o setor de energia elétrica.
O custo total estimado para a contratação das traduções é de 831,57 mil reais, dos quais cerca de 205 mil reais para os serviços relacionados à língua chinesa.
"Esse movimento está associado à captação de capital estrangeiro para o setor elétrico brasileiro, sendo associado à participação dos chineses e também de outros países", disse a Aneel em nota, após questionamentos da Reuters.
A chinesa State Grid, que chegou ao Brasil em 2010, já é um dos maiores agentes do setor no país e fechou recentemente a compra da CPFL Energia (SA:CPFE3).
Já a China Three Gorges tem avançado no país com aquisições bilionárias, como a compra de ativos da norte-americana Duke Energy (SA:GEPA4).
Em entrevista recente à Reuters, o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Tang, disse que há diversas outras gigantes chinesas interessadas em investir no setor de energia do Brasil.
Segundo publicação no Diário Oficial da União desta quarta-feira, as propostas da concorrência da Aneel para traduções serão abertas em 29 de maio.
A Aneel disse que a contratação visa traduzir a página da agência na internet para inglês e espanhol, línguas em que também serão divulgados os editais de leilões para projetos de geração e transmissão.
Não está previsto até o momento a publicação dos editais em outros idiomas, segundo a Aneel.
O contrato também será utilizado para eventuais traduções decorrentes de parcerias internacionais da Aneel, como junto ao Banco Mundial e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
(Por Luciano Costa)