(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que não vê como retaliação a decisão dos Estados Unidos de retomar tarifas sobre importações de aço e alumínio do Brasil e disse que, se for necessário, vai ligar para o presidente norte-americano, Donald Trump, e espera ser compreendido por ele.
"Vou conversar com o (ministro da Economia) Paulo Guedes hoje ainda. Se for o caso, vou ligar para o presidente Donald Trump", afirmou Bolsonaro em entrevista à rádio Itatiaia.
"Não vejo isso como retaliação. Vou conversar com ele para ver se não nos penaliza com a sobretaxa no preço do alumínio. A alegação dele, no Twitter dele, é a questão das commodities, a nossa economia basicamente vem das commodities, é o que nós temos. Espero que tenha o entendimento dele, que não nos penalize no tocante a isso, e tenho quase certeza de que ele vai nos atender", acrescentou.
Mais cedo, Bolsonaro já havia dito que poderia conversar com o presidente dos Estados Unidos a respeito da decisão anunciada pelo líder norte-americano de que vai retomar tarifas sobre importações de metais do Brasil.
"Se for o caso, ligo para o Trump, eu tenho um canal aberto com ele", disse Bolsonaro, que é um admirador declarado do presidente norte-americano, em entrevista a jornalistas na saída do Palácio da Alvorada.
O Brasil exportou cerca de 16 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos em 2018, das quais 6,6 milhões para os EUA. Em dólares, o total exportado foi de 9,65 bilhões, dos quais 3,85 bilhões de dólares para os EUA, de acordo com dados do Instituto Aço Brasil (IABr).
Trump anunciou nesta segunda-feira, no Twitter, que vai retomar imediatamente tarifas norte-americanas sobre importações de aço e alumínio do Brasil e da Argentina, citando a "forte desvalorização" das moedas de ambos os países.
"O Brasil e a Argentina têm promovido uma forte desvalorização de suas moedas, o que não é bom para nossos fazendeiros. Então irei, imediatamente, retomar as tarifas sobre todo aço e alumínio embarcado para os EUA a partir desses países", escreveu Trump no Twitter.
O ministro da Produção da Argentina, Dante Sica, disse que o anúncio de Trump foi "inesperado", e que estava buscando negociações com o governo norte-americano. Além disso, o Ministério das Relações Exteriores da Argentina informou que iniciará negociações com o Departamento de Estado dos EUA.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro; Reportagem adicional de Alberto Alerigi Jr, em São Paulo)