Por Jake Spring
BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil terá dificuldades para cumprir prazo que vai até o final do ano para completar o registro que liga todas as propriedades rurais a seus donos, um passo no combate ao desmatamento ilegal, disse nesta quarta-feira o diretor do Serviço Florestal do país, Valdir Colatto.
Entretanto, com apenas cinco por cento das propriedades rurais ainda fora do registro, conhecido como CAR, o país lançará neste mês um programa para integrar os dados já disponíveis ao sistema via satélite de monitoramento do desmatamento, segundo uma pessoa com conhecimento do assunto.
Isso permitirá às autoridades ambientais que conectem de forma mais simples o desflorestamento aos donos das propriedades rurais, visando, então, emitir multas ou tomar outras ações, disse a pessoa.
O Brasil tem buscado implementar o sistema CAR desde a revisão de suas leis de desmatamento, em 2012, mas atrasou repetidamente o prazo para que proprietários de terra se registrassem.
O sistema agora será lançado online, justamente logo após a posse do presidente Jair Bolsonaro, um crítico das multas ambientais.
Embora as multas sejam uma ferramenta fundamental para que o Ibama aplique a lei, Bolsonaro prometeu acabar com o que ele chama de "indústria das multas".
Em um movimento controverso, Bolsonaro desmembrou o serviço florestal do Ministério do Meio Ambiente para o Ministério da Agricultura.
Colatto, um ex-deputado membro da bancada do agronegócio, agora supervisiona a silvicultura para o Ministério da Agricultura, o que inclui o sistema CAR.
Enquanto cerca de 95 por cento das propriedades rurais já estão no sistema, registrar todo o restante é uma tarefa difícil, com grande parte dele se localizando nas regiões Norte e Nordeste, disse Colatto à Reuters.
Ele afirma que 98 por cento dos registros podem ser feitos neste ano.
"O Brasil é muito grande, é difícil você chegar a todos os pontos do país", disse Colatto.
"(Há) muita dificuldade para encontrar todas as pessoas, encontrar todos os proprietários. Mas vamos perseguir isso."
Os proprietários que não entrarem no sistema não serão mais elegíveis para financiamento bancário, de acordo com Colatto.
(Reportagem de Jake Spring)