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Bunge vê importação de trigo pelo Brasil 11% maior em 2019 após quebra de safra

Publicado 09.11.2018, 15:59
© Reuters. Colheita de trigo
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Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil deverá ampliar importações de trigo em 2019 para 7 milhões de toneladas, ante 6,3 milhões estimadas neste ano, em meio a uma quebra da safra 2018 da commodity, disse nesta sexta-feira o gerente nacional de originação de trigo da Bunge, Edson Csipai.

Após problemas climáticos que culminaram com chuvas na colheita, a produção brasileira do cereal foi projetada pela empresa em 5,3 milhões de toneladas em 2018, ante mais de 6 milhões de toneladas na previsão inicial, afirmou o executivo que atua em uma das maiores empresas de moagem de trigo do Brasil.

Do volume total previsto, apenas 1,9 milhão de toneladas do cereal deverá ter qualidade para panificação na safra, cuja colheita está caminhando para o final no Brasil, um dos maiores importadores globais de trigo.

A alta umidade registrada no Paraná e no Rio Grande do Sul em setembro e em outubro, com chuvas muito acima da média, afetou a qualidade de boa parte da safra, fazendo com que quase 1 milhão de toneladas do produto do país seja destinado para a indústria de ração animal, disse o executivo da Bunge, que tem sete moinhos espalhados pelo Brasil, segundo informação do site da companhia.

"Vai aumentar a importação de trigo e vai aumentar também a exportação de trigo (de menor qualidade)", comentou Csipai, durante palestra em evento do Sindicato da Indústria do Trigo de São Paulo, explicando que uma parte do cereal que não atende aos padrões para produção de farinha para panificação deve ser exportada.

O trigo para farinha para panificação responde pela maior parte do consumo de trigo do Brasil, estimado ao todo em cerca de 11 milhões de toneladas no ano.

Dos 5,3 milhões de toneladas da safra, quase metade (2,5 milhões de toneladas) será de trigo do tipo 2 (brando), mais utilizado para a produção de farinha para a produção de biscoitos, por exemplo, e outras 890 mil toneladas só vão servir para ração.

O Paraná, que produz mais da metade do trigo do Brasil, deverá ter apenas 40 por cento de sua produção do cereal tipo 1, enquanto 25 por cento da safra do Rio Grande do Sul deve ser destinada para ração --os dois Estados respondem por cerca de 90 por cento da colheita brasileira, já realizada em 80 por cento da área cultivada, disse o especialista.

O gerente de originação de trigo da Bunge disse acreditar que a exportação do cereal (de menor qualidade) deverá subir de 390 mil para 920 mil toneladas. Em geral, o Brasil exporta esse produto para países da África e da Ásia.

Com a quebra de safra, a menor qualidade de parte da produção e exportações de produto que não serve para a farinha de panificação, as importações brasileiras de trigo no ano que vem deverão atingir o patamar mais elevado das compras externas dos últimos anos, que têm variado entre 5 milhões e 7 milhões de toneladas, desde o início da década.

ARGENTINA

Com uma safra recorde de cerca de 20 milhões de toneladas na Argentina neste ano, segundo o executivo da Bunge, a situação dos moinhos brasileiros em tese seria menos problemática, uma vez que o país vizinho é o maior exportador aos brasileiros, que contam com isenções tarifárias em negócios com o parceiro do Mercosul.

O problema é que os agricultores argentinos já venderam boa parte de sua safra, no maior nível para esta época, o que deverá retirar a pressão sazonal de preços na colheita argentina, que está apenas começando.

"A situação na Argentina é extremamente confortável em termos de preços", disse Csipai, indicando que há espaço para a Argentina subir suas cotações, assim que o mercado internacional permitir.

Ele disse que os preços do cereal argentino estão em torno de 237 dólares por tonelada, ou cerca de 70 dólares abaixo do dos EUA.

© Reuters. Colheita de trigo

O executivo disse ainda que a Rússia está mantendo fortes suas vendas, apesar de uma quebra de safra, e isso tem segurado o mercado global, que poderá subir a partir de janeiro e fevereiro, quando ele acredita que os embarques russos, maiores exportadores globais, podem perder força.

(Por Roberto Samora)

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