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Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - Os cafezais de Minas Gerais, principal região produtora de café arábica do mundo, registraram floradas para a safra de 2026 que foram vistas como exuberantes em algumas áreas, mas o pegamento e desenvolvimento dos frutos dependerão das chuvas, que estariam escassas em parte do parque cafeeiro, segundo integrantes do setor e especialistas.
As floradas são momento chave para a próxima safra de café do Brasil, maior produtor e exportador global. Minas Gerais responde por cerca de 70% do café arábica do país, segundo dados da estatal Conab. A variedade é dominante na produção nacional, ainda que a parcela de grãos canéforas esteja crescente.
A etapa das floradas do ciclo cafeeiro é observada com maior atenção em momento em que o mundo necessita de uma boa produção brasileira em 2026 para repor seus estoques, reduzidos nos últimos anos pela firme demanda e colheitas abaixo do potencial.
Na região do Cerrado Mineiro, onde mais da metade da área cultivada não é irrigada e as temperaturas estão mais elevadas, acima de 30 graus Celsius, existe preocupação com o volume de chuvas.
Fernando Couto, cafeicultor e doutor em Agronomia que atua na região de Patrocínio/Serra do Salitre, afirmou que a maioria das lavouras irrigadas já teve aberturas de flores, mas os cafezais de sequeiro do Cerrado demandam atenção.
"O que preocupa é o clima, já que as chuvas não tiveram continuidade, e não tem previsão de chuvas significativas nos próximos 15 dias, e as temperaturas estão elevadas", disse ele, consultor do programa Sebrae/Educampo na Expocacer, cooperativa dos cafeicultores do Cerrado.
"Para a cultura de sequeiro, o desafio é maior ainda... a maioria das flores está abrindo esta semana, vimos uma florada muito intensa, muito bonita... isso dá um impacto visual... Agora, como vai ser o pegamento dessa florada? Abrindo em condição de seca.", pontuou.
Uma ideia da situação poderá ser avaliada nas próximas duas a três semanas, sobre como estará o cenário para pegamento dos pequenos frutos, também chamados de chumbinhos.
Até pelo menos o dia 8 de outubro, as chuvas devem ser mais escassas nas áreas do Sul de Minas, Cerrado Mineiro e Mogiana Paulista, segundo dados meteorológicos do terminal da LSEG. Depois os volumes devem aumentar. Até o dia 18, a projeção é de precipitação levemente acima da média para o período no Sul de Minas, enquanto o Cerrado terá umidade, mas não tanta.
O Sul de Minas, maior região produtora de café do Brasil, verá mais de 70 milímetros de chuvas nos próximos 15 dias, segundo as projeções, enquanto o Cerrado, pouco mais de 20 mm, volume abaixo da média.
Segundo Guilherme Vinicius Teixeira, coordenador do Departamento de Geoprocessamento da Cooxupé, maior cooperativa de cafeicultores do Brasil, as precipitações dos últimos 15 dias geraram uma indução floral. Ele citou que em outras áreas produtoras de Minas Gerais as temperaturas mais amenas atrasaram o metabolismo da planta, atrasando a florada.
"Ou seja, demorou um pouco mais para abrir depois da chuva. Até então está uma florada bonita. E, ainda, é um pouco cedo para falar se haverá bom pegamento... tendo em vista que as flores abriram entre quarta-feira e quinta-feira", disse Teixeira, da Cooxupé, com sede em Guaxupé, no Sul de Minas.
A cooperativa Minasul, sediada em Varginha, também no Sul de Minas, relatou boas floradas.
"O clima está bom até o momento para o pegamento. As chuvas que induziram esta florada foram em torno de 30 mm na média. Esta semana por onde eu andei o pegamento da florada está bom", afirmou Adriano Rabelo, coordenador do departamento técnico da Minasul.
Para uma boa safra no ano que vem, "é lógico que precisamos de chuva nos próximos dias", acrescentou ele.
Na Alta Mogiana, área de atuação da cooperativa Cocapec, foram registradas duas ocorrências de floradas, a primeira no final de agosto e a segunda na quinta-feira desta semana.
"Essa sim, com grande volume", disse Luiz Castagine, gestor técnico da Cocapec, com sede em Franca (SP), referindo-se à florada desta semana.
Mas ele também acrescentou que as condições climáticas exigem atenção, pois as temperaturas estão elevadas na região e não há previsão de chuva para os próximos dias.
(Por Roberto Samora)