Por José Roberto Gomes
RIBEIRÃO PRETO (Reuters) - As usinas do centro-sul do Brasil devem elevar a produção de açúcar para algo entre 27 milhões e 28 milhões de toneladas na safra 2019/20, iniciada oficialmente neste mês, após 26,5 milhões no ciclo anterior, projetou nesta quarta-feira a Canaplan.
De acordo com a consultoria, a previsão leva em conta uma alocação de 38 por cento da oferta de cana para a fabricação do adoçante, de 35,2 por cento no ano passado. A moagem de matéria-prima está projetada entre 555 milhões a 580 milhões de toneladas na atual temporada, versus 573 milhões em 2018/19.
"Há coisas que pressionam a produtividade, que são o canavial envelhecido, a seca no verão, a redução de área e o potencial pior de ATR (Açúcares Totais Recuperáveis)... Mas empurrando para cima temos as chuvas de março e abril... e o atraso na moagem, que gera mais tonelada por hectare (posteriormente)", afirmou o sócio-diretor da Canaplan, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, durante evento promovido pela consultoria em Ribeirão Preto (SP).
Em relação ao etanol de cana, a Canaplan prevê que a produção cairá para algo entre 27 bilhões a 28 bilhões de litros em 2019/20, abaixo dos quase 31 bilhões de litros da temporada anterior, quando o centro-sul como um todo maximizou a produção de álcool, na esteira de preços enfraquecidos do açúcar e forte demanda interna.
Conforme Corrêa Carvalho, a tendência no atual ciclo é de chuvas acima da média no centro-sul e seca na Ásia, fatores que podem dar suporte aos preços da commodity na ICE. Além disso, suas previsões levam em consideração cotações do petróleo no mercado internacional entre 60 e 70 dólares o barril.
ATRASO
Chuvas acima da média neste início de safra têm retardado os trabalhos de colheita de cana no centro-sul do Brasil, segundo a Canaplan. Com a umidade elevada, as colhedoras têm dificuldades em acessar as plantações para executar as atividades.
Conforme dados apresentados pela consultoria, choveu uma média de 90,3 milímetros nas áreas produtoras da região apenas na primeira metade deste mês, mais que o dobro na comparação com todo o abril de 2018.
A lentidão no ritmo de safra, por sinal, tem contribuído para dar sustentação aos preços do etanol, que só na semana passada saltaram 15 por cento no mercado interno.
Ainda de acordo com a Canaplan, durante a entressafra, entre janeiro e março, as chuvas nos canaviais totalizaram uma média de 504,3 milímetros, abaixo dos 526,1 milímetros em igual trimestre do ano passado.