BRASÍLIA (Reuters) - A China reabriu o mercado para as importações de carne brasileira após intensa mobilização do governo para a retomada dos desembaraços aduaneiros, e o presidente Michel Temer disse neste sábado esperar que outros países sigam o exemplo do parceiro asiático após escândalo envolvendo a fiscalização dos produtos no Brasil.
A China havia divulgado uma suspensão temporária das importações na segunda-feira, após as denúncias da Polícia Federal sobre supostas propinas pagas para venda de produtos sem inspeção, no âmbito da operação Carne Fraca.
Agora, os produtos brasileiros poderão voltar a ser importados pelo país, com exceção daqueles provenientes dos 21 frigoríficos sob suspeita, cujas licenças de exportação já haviam sido suspensas pelo governo brasileiro.
Segundo o ministério da Agricultura, apenas a fábrica da BRF (SA:BRFS3) em Lapa, no Paraná, havia exportado para a China nos últimos 60 dias.
Em outra frente, a China também bloqueará e recolherá do país os produtos cujos certificados foram assinados por sete técnicos investigados na operação Carne Fraca.
As importações brasileiras de carne já começaram a ser liberadas em Xangai, afirmou uma fonte ouvida pela Reuters em Pequim.
"Estamos plenamente confiantes que outros países seguirão o exemplo da China", afirmou o presidente Michel Temer, em nota, na qual ressaltou que o posicionamento chinês representa uma confirmação do trabalho de esclarecimento feito pelo governo brasileiro nos últimos dias.
O governo coordena esforços para impedir o embargo e reverter suspensões à carne brasileira após a operação da PF ter levantado uma onda de preocupações em vários países pelo mundo.
A expectativa agora é que o movimento da China acabe influenciando outros importantes mercados, como Hong Kong, segundo maior importador de carne brasileira, tendo comprado 1,62 bilhão de dólares em 2016. A China foi o maior mercado, com 1,75 bilhão de dólares.
"A liberação (pela China) é um esforço gigante que foi feito aqui no Brasil com as explicações, de mostrar que as investigações estavam numa direção de investigar conduta de pessoas, comportamento de pessoas, desvio de conduta das pessoas", disse à Reuters o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, por telefone.
Ainda ecoando as consequências da operação da PF para as operações brasileiras de carne, o ministério de Mudanças Climáticas e Meio Ambiente dos Emirados Árabes Unidos anunciou na sexta-feira a suspensão da importações provenientes de seis empresas brasileiras e a remoção de todos os seus produtos dos mercados do país, de acordo com a agência estatal de notícias WAM.
Entre os países que também adotaram medidas mais duras em relação à carne brasileira, estão Catar, Chile e México.
(Por Lisandra Paraguassu e Anthony Boadle, Texto de Marcela Ayres)