Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A chinesa Trina Solar, uma das maiores fabricantes de painéis fotovoltaicos do mundo, está de olho no potencial do Brasil para geração solar, com uma meta de atingir participação de até 30% no mercado do país, disse o diretor-geral da companhia para a América Latina e Caribe, Álvaro García-Maltrás.
Apesar de ter características amplamente favoráveis à tecnologia, o Brasil começou investimentos massivos em energia solar apenas nesta década, com um primeiro leilão para viabilizar projetos da fonte apenas em 2014.
O país possui atualmente cerca de 2,1 gigawatts em usinas solares, cerca de 1,27% da matriz elétrica, além de cerca de 900 megawatts em sistemas solares de menor porte, conhecidos como geração distribuída, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), com a maior parte das instalações utilizando placas importadas da China.
"Não necessariamente queremos ser a (empresa) que mais vende. Queremos estar sempre no 'top 3'... não que não gostemos de volumes grandes. Mas, para ser mais concreto, um 'market share' de 20% a 30% é nosso objetivo", disse Maltrás a jornalistas, em coletiva de imprensa online realizada pela Trina.
Para perseguir essa meta, a chinesa pretende fornecer tanto para os projetos menores, de geração distribuída, como para as usinas de grande porte, geralmente viabilizadas após licitações do governo federal, segundo ele.
Na área de geração distribuída, a estratégia da Trina para o Brasil envolve uma parceria com a empresa local Aldo Solar, do Paraná, que atua com a distribuição de equipamentos para esses projetos solares de menor porte.
A Aldo, que vende equipamentos para revendedores e instaladores que atendem clientes finais, deverá ajudar a Trina a escoar seus produtos no mercado brasileiro de geração distribuída, ainda fortemente pulverizado, segundo os termos da parceria, anunciada oficialmente nesta quarta-feira.
"Pelas dimensões do nosso mercado, pela distância que temos da China, a proposta é que a Aldo se torne um 'hub' da Trina Solar no mercado brasileiro. Ela vai manter um estoque e atender todo o mercado", afirmou o presidente da empresa paranaense, Aldo Teixeira.
No ano passado, a Aldo atendeu 13 mil clientes, um número que deverá saltar para 16 mil neste ano, acrescentou ele.
Os primeiros paineis da Trina para comercialização no âmbito da parceria já foram embarcados, em 20 contêineres que deverão chegar ao Brasil na terceira semana de julho.
"Serão 75 mil painéis, ou 30 megawatts de potência. E para o quarto trimestre já estamos planejando, já tem uma projeção de 50 megawatts (a serem importados)", afirmou Teixeira.
Ele disse que os paineis chegarão pelo porto de Paranaguá e serão montados em uma fábrica da Aldo em Maringá (PR) para a comercialização no Brasil.
A associação entre as duas empresas, no entanto, será restrita aos negócios em geração distribuída, uma vez que a Aldo não atua com fornecimento para grandes usinas, que também estão no radar da Trina.
A fabricante chinesa aposta também em uma tecnologia diferenciada para ganhar espaço no Brasil, com paineis monocristalinos, que segundo a empresa são mais eficientes que os policristalinos, bastante utilizados no país.
Além da Trina, outras fabricantes têm disputado o mercado brasileiro de energia solar, como a canadense Canadian Solar e as também chinesas BYD, JA Solar e Jinko Solar.
(Por Luciano Costa; edição de Marta Nogueira)