SÃO PAULO (Reuters) - O setor brasileiro de cogeração de energia deve superar em 2022 a marca de 20 gigawatts (GW) de capacidade instalada operacional, registrando o maior crescimento anual desde 2015, segundo levantamento divulgado nesta terça-feira pela Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen).
A previsão é que 22 plantas entrem em operação neste ano, somando 807 megawatts (MW), à medida que o país também busca diversificar sua matriz com a contratação de projetos pelo mercado regulado.
Essa potência seria adicionada aos atuais 19,7 GW, equivalentes a 10,8% matriz elétrica brasileira.
Nos últimos cinco anos, o segmento cresceu 350 MW por ano, em média --o último salto foi em 2015, quando superou 1 GW. Até 2026, a expectativa é de que mais 2,35 GW entrem em atividade, segundo a Cogen.
O bagaço de cana-de-açúcar é o principal insumo das usinas de cogeração, representando 60,6% do total, seguido pelo licor negro (16,3%), subproduto do tratamento químico da indústria de papel e celulose.
O licor negro ultrapassou o gás natural (16%) como a segunda maior fonte de produção de energia da cogeração neste ano, com a entrada em operação de uma nova planta da Klabin (SA:KLBN11) no Paraná.
Em nota, o presidente da Cogen, Newton Duarte, disse que a cogeração é uma fonte competitiva e renovável e poderia ser melhor reconhecida no planejamento energético do país.
"Estamos trabalhando em tratativas com os órgãos competentes para que as distribuidoras de energia possam realizar chamadas públicas e contratar até 10% de sua carga de energia a partir da cogeração", afirmou.
Leonardo Caio Filho, diretor da entidade, afirmou que a cogeração a biomassa teve papel importante para a segurança energética no ano passado, ajudando a poupar os reservatórios das hidrelétricas durante a crise hídrica.
"E um dos principais atributos da cogeração é justamente o fato de que o período de maior produção das usinas de açúcar e etanol ocorre na safra entre os meses de abril e novembro, exatamente no período seco", acrescentou Filho.
(Por Letícia Fucuchima)