Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A colheita dos cooperados da Cooabriel, maior cooperativa de café conilon do Brasil, atingiu cerca de 70% do total previsto até o final da semana passada, informou a cooperativa que atua no Espírito Santo e na Bahia, citando ainda uma quebra maior do que a esperada.
Segundo o presidente da Cooabriel, Luiz Carlos Bastianello, o ritmo da colheita agora está dentro do normal, após um atraso inicial.
"A colheita foi iniciada com um pouco de atraso, mas há uma expectativa de que ela seja também um pouco mais curta que na safra anterior", afirmou ele à Reuters, lembrando que houve uma quebra maior do que a expectativa.
O presidente da cooperativa reforçou que a safra está sendo menor que a prevista, mas não detalhou números.
"Dentre os fatores que estão contribuindo para que isso aconteça estão condições climáticas, com registro de incidência de ventos acima do normal no período de florada, e alguns tratos culturais foram restringidos pela alta no valor dos insumos em 2022", comentou.
Ele citou ainda a bianualidade, que é a quebra natural de produção pela fisiologia da planta, após a boa safra do ano anterior, que foi recorde.
"Teremos uma safra menor que a do ano anterior, mas seria precoce mensurar números, visto que a colheita ainda está em andamento", disse.
Segundo Bastianello, a Cooabriel já teve depositado em seus armazéns aproximadamente metade das cerca de 2 milhões de sacas que projetou receber dos cooperados em 2023 -- o volume total equivale a mais de 10% da safra projetada para canéforas do país (conilon ou robusta).
Ele disse ainda que, à medida que a colheita avançou, os produtores têm demonstrado maior interesse de vendas, em meio a preços relativamente altos para a variedade de café, enquanto no mercado internacional o robusta opera relativamente perto de máximas históricas registradas neste mês.
"Houve um aumento nas vendas, inclusive pelo fato de que neste período os produtores precisam custear as despesas com a safra. Contudo, o aumento ainda é tímido", disse.
No final do mês passado, Bastianello havia dito à Reuters que o produtor estava segurando vendas, buscando "acertar o olho da mosca", ou o melhor preço.
A safra brasileira de café canéfora, que tem também Rondônia como importante Estado produtor, está oficialmente estimada em 16,8 milhões de sacas, segundo a estatal Conab, com queda de 7,6% ante o recorde de 2022.
Já a produção de arábica deverá somar 37,9 milhões de sacas, alta de 15,9%, de acordo com a Conab.
Colheita de arábica
A colheita de café dos cooperados da Cooxupé, que trabalha apenas com café arábica, atingiu 27,84% do total previsto nas regiões do Sul de Minas, Cerrado Mineiro, Matas de Minas e média mogiana paulista, onde a cooperativa atua.
Segundo relatório publicado nesta quarta-feira com base nos trabalhos realizados até o último dia 23, o ritmo da colheita de da maior cooperativa de cafeicultores do Brasil segue o mais acelerado desde 2020, quando nesta época produtores tinham colhido 29,10% da safra.
Em relação ao índice da semana anterior, houve um avanço de seis pontos percentuais na colheita.
Os trabalhos com o arábica estão mais adiantados nas Matas de Minas, com 39% do café colhido, segundo a Cooxupé.
No Sul de Minas, principal região produtora do Brasil, a colheita atingiu 34,05%, enquanto na área da média moagiana, 37,11%. No Cerrado Mineiro, a colheita avançou a 15,75% do total.
(Por Roberto Samora)