Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A colheita de soja do Brasil em 2023/2024 deve alcançar um novo recorde de 163,2 milhões de toneladas, aumento de 4,5% na comparação com o ciclo anterior, apontou nesta sexta-feira a consultoria Safras & Mercado, em sua primeira projeção para a temporada.
O aumento da produção aconteceria com um crescimento anual de 2,5% na área plantada em 23/24 para 45,6 milhões de hectares, também novo recorde, segundo a Safras, que indicou que a oleaginosa ganharia área de milho no verão.
"Pela primeira vez, vamos superar os 45 milhões de hectares... mas é importante destacar que esse aumento em termos percentuais é mais lento em relação à safra 2022, porque o mercado trabalhou com preços mais baixos", disse o analista de Safras & Mercado, Luiz Fernando Roque, durante apresentação na internet.
"Querendo ou não, isso (preço mais baixo) acaba assustando os produtores, isso atrapalha um pouquinho a intenção de plantio", acrescentou ele, lembrando que os números "naturalmente" terão atualizações nos próximos meses, uma vez que o plantio de soja deve começar somente em meados de setembro no Brasil, a depender da chegada das chuvas.
Roque afirmou ainda que as projeções dependem de "clima positivo", o que permitiria ao país colher mais de 160 milhões de toneladas pela primeira vez.
Ele acredita em melhores produtividades no Rio Grande do Sul, que nos últimos anos foi atingido pela seca. Em períodos de El Niño, como o atual, geralmente os produtores gaúchos têm boas safras, notou.
"O principal destaque é a provável recuperação da produção no Rio Grande do Sul, que sofreu com La Niña nas últimas temporadas", afirmou, lembrando que o Estado geralmente figura como o terceiro maior produtor de soja do país, atrás de Mato Grosso e Paraná.
MILHO
Já a produção total de milho deverá recuar para 137,4 milhões de toneladas, cerca de 2 milhões de toneladas abaixo da safra recorde anterior, em meio a um recuo no plantio.
A área plantada com milho foi prevista em 22 milhões de hectares, cerca de 200 mil hectares abaixo do visto na temporada anterior.
O milho perderá mais área no verão, época em que o cereal compete por terras com a soja, mas também no inverno, em meio a preços mais baixos da commodity.
"Os custos de produção para a próxima safra caíram bem, mas os atuais patamares de preço se mostram desestimulantes aos produtores para um avanço na área a ser cultivada", disse o analista Paulo Molinari, em nota.
O plantio da primeira safra no centro-sul foi projetado em 4,08 milhões de hectares, cerca de 100 mil hectares a menos do que na safra anterior.
Já a área da segunda safra, que responde pela maior parte da produção brasileira de milho, foi estimada em 15,4 milhões de hectares, também cerca de 100 mil hectares abaixo do registrado na temporada anterior.
"Com isso, o potencial de produção para a safrinha 2024 é estimado em 96,450 milhões de toneladas, abaixo do volume recorde esperado para este ano, de 100,161 milhões de toneladas", disse.
A consultoria também estimou o potencial de safra de algodão em 23/24 em 2,99 milhões de toneladas, uma queda de 3% em relação à safra 22/23.
(Por Roberto Samora)