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Por Andrea Shalal
WASHINGTON (Reuters) - Mais países estão buscando remodelar suas economias usando o apoio público a empresas e setores específicos, mas os subsídios e outras políticas industriais podem ser caros e não ser eficazes, a menos que sejam utilizadas com cuidado, disse o FMI nesta sexta-feira.
O Fundo Monetário Internacional, em um capítulo de seu próximo Panorama Econômico Mundial, disse que as políticas industriais podem ajudar os países a atrair a produção e a se equipararem a outros participantes globais em um setor específico, mas também podem elevar os preços ao consumidor e levar a uma má alocação de recursos.
O capítulo, que examinou políticas industriais na União Europeia, China, Brasil e Coreia do Sul, concluiu que o apoio bem projetado e direcionado pode ajudar os setores, mas que os subsídios precisam ser cuidadosamente elaborados com objetivos claros e devem implementados juntamente com reformas estruturais. O estudo não incluiu dados sobre as recentes medidas de política industrial nos Estados Unidos.
A desaceleração global do crescimento, o aumento das tensões geopolíticas e as crescentes preocupações com os riscos às cadeias de suprimentos e à segurança energética levaram a um aumento acentuado das políticas industriais, que usam subsídios e outros benefícios para ajudar empresas específicas e impulsionar o crescimento, a criação de empregos e uma maior autossuficiência.
Um terço de todas as políticas industriais implementadas entre 2009 e 2022 foi voltado ao setor de energia, segundo o relatório.
Para serem bem-sucedidas, o FMI disse que as políticas industriais devem ser cuidadosamente avaliadas, recalibradas e buscar melhorar o ambiente geral de negócios.
O relatório não menciona os EUA, onde a administração do presidente Donald Trump adotou algumas ferramentas de política industrial nos últimos meses, incluindo a aquisição de participações acionárias em empresas com problemas, como a fabricante de chips Intel.
POLÍTICAS PODEM CUSTAR CARO
Mesmo quando bem direcionadas, as políticas industriais podem ser onerosas, disse o credor global, observando a UE poderá ter um custo de cerca de 0,4% de seu Produto Interno Bruto no financiamento de um subsídio de tecnologia limpa suficiente para uma parcela significativa da produção onshore.
Estima-se que a China, que há muito tempo usa ferramentas de política industrial para apoiar setores priorizados -- como veículos elétricos e semicondutores -- tenha gasto cerca de 4% de seu PIB em políticas industriais entre 2011 e 2023, disse o FMI.
Apesar de algum sucesso, a modelagem estrutural mostrou que essas políticas reduziram a produtividade agregada total da China em 1,2% e seu PIB em até 2%, disse o FMI.
Na UE, os auxílios estatais às empresas atingiram um pico de quase 1,5% do PIB em 2022, disse o FMI, observando que os fundos fornecidos pelos governos nacionais corriam o risco de distorcer a concorrência e corroer a igualdade de condições no mercado único da UE.
Segundo o FMI, a modelagem mostrou que o auxílio estatal proporcionou um impulso às empresas beneficiárias, aumentando as receitas e o emprego, mas apenas temporariamente. Além disso, o auxílio tende a excluir as empresas não beneficiárias que operam no mesmo setor, afirmou.
Se o auxílio estatal fosse necessário para tratar de falhas específicas do mercado, isso deveria ser feito em nível da UE, e não por estados-membros individuais, para mitigar as repercussões adversas, disse o FMI.
O estudo do FMI incluiu uma comparação da política industrial da Coreia do Sul e do Brasil na década de 1970, concluindo que o país asiático foi mais bem-sucedido em ajudar a expandir setores específicos, impulsionando a produção e o PIB.
A Coreia do Sul adotou um modelo voltado para a exportação, baseado em grandes conglomerados de empresas privadas, enquanto o Brasil se concentrou em empresas estatais e no consumo interno.
A Coreia do Sul também criou uma supervisão estruturada e uma análise de desempenho de seus esforços, com metas de exportação que garantiam que as empresas que não atingissem as metas corriam o risco de perder o acesso ao apoio estatal. O Brasil não dispunha de salvaguardas comparáveis, segundo o relatório.